Massacre poderia ter sido evitado FBI admite que ignorou alerta sobre os planos de um jovem para "matar pessoas" dentro de uma escola nos EUA

Publicação: 17/02/2018 03:00

O FBI, a Polícia Federal norte-americana, admitiu nesta sexta-feira que em janeiro recebeu um alerta sobre Nikolas Cruz, o jovem de 19 anos responsável pelo massacre de 17 pessoas na última quarta-feira na Flórida, mas falhou em seguir os protocolos de investigação. Esses procedimentos “não foram seguidos para a informação recebida (por um escritório do FBI) em 5 de janeiro. A informação não foi dada ao escritório de Miami e nenhuma investigação foi conduzida naquele momento”, apontou a entidade em uma nota oficial.

De acordo com o FBI, em 5 de janeiro uma “pessoa próxima” a Cruz se comunicou por telefone e deu informações sobre “sua posse de armas, seu desejo de matar pessoas, comportamento errático e comentários em redes sociais, assim como o potencial para atacar uma escola”. “Se essa informação tivesse sido transmitida aos agentes do FBI em Miami, teriam adotado os passos apropriados de investigação. Tal informação devia ser considerada como uma possível ameaça à vida”, apontou a nota.

O diretor do FBI, Christopher Wray, indicou na nota que a agência ainda está “investigando os fatos” e comprometeu seu empenho em “revisar nossos procedimentos para responder a informações que recebemos do público”. “Os norte-americanos devem estar vigilantes e quando membros do público nos contactam com suas preocupações, devemos agir de forma adequada e rápida”, continuou Wray.

Na quinta-feira, o FBI admitiu que em setembro do ano passado recebeu uma denúncia por comentários ameaçadores publicados no YouTube por uma pessoa identificada como Nikolas Cruz, mesmo nome do jovem acusado pelo massacre desta semana.

O crime
Nikolas Cruz chegou na quarta-feira pouco depois das 14h15 locais (17h15 de Brasília), horário de saída das aulas, à sua antiga escola, Marjory Stoneman Douglas, um edifício com 3.000 alunos. De sua bolsa pegou um fuzil de assalto AR-15 e durante seis minutos disparou rajadas nos corredores do local, provocando 17 mortes e mais de uma dúzia de feridos. Depois soltou sua arma e se aproveitou da situação para se misturar entre os alunos evacuados e fugir. Foi detido uma hora e meia mais tarde pela Polícia em uma urbanização vizinha, depois de ter comprado uma bebida e de parar em um McDonald's.

O autor
Nascido em 24 de setembro de 1998 em Margate, na Flórida, Nikolas Jacob Cruz foi adotado após nascer, junto com seu irmão Zachary, pelo casal Roger e Lynda Cruz. Os vizinhos descreveram um menino de comportamento difícil e às vezes violento, limítrofe do autismo. Foi expulso da escola no ano passado por problemas de conduta, segundo a direção. O prefeito do condado de Broward, Beam Furr, disse que Cruz havia sido tratado por um tempo em uma clínica para doentes mentais, mas que não havia voltado em mais de um ano. O líder de um grupo supremacista branco, localizado no norte do estado, afirmou que Cruz militou nele. (AFP)

Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou nesta sexta-feira que seu comitê de campanha não fez nada ilegal durante as eleições presidenciais de 2016, pouco depois de a Justiça acusar 13 russos de ingerência no pleito. "O resultado da eleição não foi alterado. A campanha Trump não fez nada errado, não houve conluio!", reagiu Trump no Twitter. O Departamento de Justiça anunciou nesta sexta a acusação de 13 cidadãos e três empresas russas por ingerência nas eleições presidenciais de 2016 mediante a utilização de personagens fictícios nas redes sociais. O objetivo era fortalecer a candidatura de Trump e afetar sua adversária, Hillary Clinton. No entanto, a Justiça não conseguiu encontrar provas de que essa ingerência tenha tido impacto no resultado da eleição.