Cubanos esperam por mudanças com Díaz-Canel

Publicação: 20/04/2018 03:00

Sabe-se que ele não tem o expediente de Raúl Castro, nem o carisma ou a oratória de Fidel. Alguns, inclusive, nem o conhecem, mas os cubanos esperam que seu novo presidente, Miguel Díaz-Canel, amplie as reformas econômicas para melhorar suas vidas. “Esperamos mais mudanças. O poder passa para uma pessoa muito mais jovem, com novas ideias, novas perspectivas, então esperamos que as reformas aconteçam mais rápido”, avaliou Yani Pulido, de 27 anos, garçonete em um bar privado de Havana Velha.

Pela televisão, em suas casas ou locais de trabalho, os cubanos acompanharam os detalhes da sessão histórica do Parlamento, de dois dias, quando foi escolhido o engenheiro Díaz-Canel, na véspera de seu aniversário de 58 anos, como o primeiro presidente da era pós-Castro.

Depois do triunfo da revolução em 1959, e desde que Fidel Castro assumiu o governo em 1976, é a primeira vez que um presidente cubano não tem o sobrenome Castro, não integra a geração “histórica”, não veste uniforme militar e não é o primeiro secretário do governante Partido Comunista (PCC, único). Raúl continuará como líder do PCC até 2021, o que para muitos cidadãos garante a continuidade do projeto socialista e das reformas econômicas que o presidente em fim de mandato anunciou.

Reforma
A maior expectativa entre os cubanos é que Díaz-Canel consiga se legitimar e possa fazer avançar a “atualização” (reforma) do modelo econômico socialista, cuja aplicação enfrenta, segundo o próprio governo, “erros e atrasos”.

Alto, de cabelo grisalho e com certa semelhança com o ator norte-americano Richard Gere, de acordo com suas admiradoras, Díaz-Canel ocupou nos últimos 24 anos importantes cargos no PCC e no governo, mas alguns cubanos asseguram não conhecê-lo. “Sobre ele, sei muito pouco. Um novo presidente que praticamente não conhecemos. A mim isso chama a atenção (me preocupa)”, se queixou Raúl Portillo, de 79 anos e segurança de um depósito estatal.

Mais de 70% dos cubanos nasceram durante o governo dos irmãos Castro, ou envelheceram junto com os líderes históricos da cúpula governante. As comparações são inevitáveis.

Os cubanos aplaudiram as reformas econômicas de Raúl Castro, que ficaram sem finalização. Pedem ao novo governo para que acelere o ritmo, pois o dia a dia é duro com um salário médio de 30 dólares por mês.