TURQUIA » Morte de jornalista "selvagemente planejada"

Publicação: 23/10/2018 03:00

A morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado de seu país em Istambul foi “selvagemente planejada”, afirmou, ontem, o porta-voz do partido no poder na Turquia, na véspera das revelações sobre o caso prometidas pelo presidente Recep Tayyip Erdogan. Em coletiva de imprensa em Ancara, Omer Celik, porta-voz do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), disse que “estamos diante de uma situação que foi selvagemente planejada e de uma mobilização de esforços consequentes para tentar dissimular” esse assassinato.

O porta-voz do presidente turco, Ibrahim Kalin, acentuou a pressão, afirmando que nada “ficará em segredo” e que os investigadores turcos vão “até o fim neste caso”. A imprensa turca informou, ontem, que os investigadores encontraram um veículo com placa diplomática saudita em um estacionamento em Istambul.

O sedan preto com matrícula diplomática “34 CC 1736” foi encontrado em um estacionamento subterrâneo em Sultangazi, um distrito localizado no norte de Istambul. A rede estatal de televisão TRT transmitiu imagens do estacionamento cercado por um cordão policial e indicou que o veículo em questão havia sido abandonado nos dias após o assassinato de Khashoggi.

A imprensa também divulgou novas informações que envolvem o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman (MBS), no suposto assassinato. O jornal turco Yeni Safak afirma que o homem apontado como o líder da equipe saudita de 15 agentes enviados a Istambul para matar o jornalista permaneceu diretamente em contato com o gabinete do príncipe herdeiro, após o “assassinato”.

O homem citado é Maher Abdulaziz Mutreb, membro da guarda pretoriana de “MBS”, e que pode ser observado, nas imagens das câmeras de segurança, ao chegar ao consulado saudita e depois na residência do cônsul em 2 de outubro, dia do desaparecimento de Khashoggi.

No jornal Hurriyet, o colunista Abdulkadir Selvi, considerado próximo ao governo turco, afirma que Khashoggi foi imediatamente levado para o escritório do cônsul, onde foi “estrangulado” pelos agentes sauditas. “Tudo demorou entre 7 e 8 minutos”, afirma o jornalista.

O corpo foi cortado em 15 pedaços por um médico legista integrante da equipe, completa Selvi. De acordo com o colunista, o corpo esquartejado foi retirado do consulado e levado para um local.