Homenagem às vítimas de massacre Nova Zelândia ainda está perplexa com a tragédia que vitimou 50 fiéis, na sexta-feira, em ataques a duas mesquitas. Famílias cobram para enterrar os mortos

Publicação: 18/03/2019 09:00

Os neozelandeses prestaram homenagem, ontem, aos 50 fiéis mortos no ataque a duas mesquitas em Christchurch, enquanto surgiam mais informações sobre o massacre. Paralelamente, a polícia neozelandesa fechou o aeroporto de Dunedin em razão de um pacote suspeito, segundo as autoridades. “O aeroporto de Dunedin está atualmente fechado”, declarou em um comunicado, apontado que “agentes estão no local e uma equipe especializada foi enviada para determinar a natureza do pacote”.

Ontem, vários corpos começaram a ser devolvidos às famílias. Uma lista, ainda provisória, menciona detalhes das vítimas, mostrando que tinham entre 3 anos e 77 anos e que pelo menos quatro eram mulheres.

Ajudados por escavadoras, trabalhadores começaram a cavar nesta segunda-feira (noite de ontem no Brasil) túmulos no cemitério de Christchurch para receber os 50 fiéis muçulmanos assassinados em duas mesquitas, cujas famílias reivindicavam os corpos para submetê-los aos ritos muçulmanos.

Segundo o costume islâmico, o sepultamento deve ocorrer 24 horas depois da morte e embora os legistas esperassem terminar seu trabalho a tempo para as cerimônias fúnebres, eles insistiram em que não podem se precipitar nas investigações.

O governo paquistanês confirmou a morte de nove paquistaneses no massacre, e anunciou que vai homenagear uma de suas vítimas. Um vídeo do ataque mostra um homem sendo morto ao se aproximar do atirador, enquanto que outros fogem a sua volta. O homem seria Naeem Rashid e seu filho também morreu no ataque.

“O Paquistão está orgulhoso de Mian Naeem Rashid que foi morto quando tentou se lançar sobre o terrorista supremacista branco e a sua coragem será honrada com uma condecoração nacional”, tuitou o primeiro-ministro Imran Khan.

O autor do massacre é um extremista australiano, Brenton Tarrant, que, ante o tribunal que o indiciou no sábado, fez com a mão direita um gesto típico de grupos supremacistas brancos. Esse ex-preparador físico, “fascista” autoproclamado, documentou sua radicalização em um longo manifesto de cerca de 70 páginas, cheio de teorias da conspiração e ideias racistas.

Ontem, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, revelou que seu escritório recebeu esse manifesto apenas nove minutos antes do início do ataque. “Eu fui uma das 30 pessoas a quem o manifesto foi enviado nove minutos antes do ataque”, declarou Ardern a repórteres, acrescentando que o documento não especificava o local ou detalhes específicos. “O fato de haver um manifesto ideológico com visões extremistas relacionado a esse ataque é profundamente perturbador”, comentou.

Os corpos de várias das vítimas do tiroteio ainda permanecem dentro das mesquitas para serem identificados, enquanto as famílias esperam para iniciar os rituais funerários muçulmanos. “Posso confirmar que os corpos dos falecidos começarão a ser restituídos esta noite”, disse a primeira-ministra. Segundo ela, todos os corpos deverão ser entregues a suas famílias até quarta-feira.

A família do atirador declarou à TV australiana estar destruída pelo ocorrido. “Estamos todos pasmos, não sabemos o que pensar”, disse a avó de Tarrant, Marie Fitzgerald, ao australiano Channel 9. “Destruídos é a palavra certa.”

A irmã e a mãe do suposto autor foram colocadas sob proteção policial, e sequer familiares podem ter contato com as mesmas. Tarrant, que cresceu na pequena cidade de Grafton, parece ter sido cativado pela ideologia neofascista durante suas múltiplas viagens à Europa. Autoridades gregas, assim como búlgaras, revelaram ontem que ele esteve nas ilhas gregas de Creta e Santorini em março de 2016, originário de Istambul. Segundo as autoridades locais, 34 pessoas permanecem hospitalizadas. (AFP)