"Argentina não tem plano B ao Mercosul"

Publicação: 17/08/2019 12:00

O cientista político Guillermo Rodríguez Conte argumenta que seria muito difícil para a Argentina fechar as portas ao mundo no comércio, em um eventual governo do oposicionista Alberto Fernández. “A Argentina não tem plano B ao Mercosul”, afirmou o analista, consultor na Prospectiva Consulting e professor em Buenos Aires. “O Brasil é grande, pode fazer um show sozinho, mas a Argentina não”, complementou. O assunto veio à tona nesta semana, após o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, ter dito na quinta-feira que se Fernández vencer e quiser fechar o Mercosul, atrapalhando o acordo com a União Europeia, o Brasil sairá do bloco.

As declarações de Rodríguez Conte foram dadas durante Webinar organizado pela GO Associados, em evento moderado por Gesner Oliveira, sócio desta consultoria e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP). Rodríguez Conte avalia que, após o resultado das primárias do último domingo, o presidente Mauricio Macri tem contra si um cenário “irreversível”. “É muito difícil que vá mudar” o quadro no primeiro turno, em 27 de outubro, aposta, dizendo que esta também tem sido a avaliação dos agentes dos mercados financeiros.

Fernández é um advogado portenho e professor universitário. Ele tem como atributos positivos sua moderação, avalia o cientista político. Por outro lado, deve assumir num contexto de engessamentos na política, diante da crise econômica, da dívida e dos conflitos sociais. Há ainda a dúvida sobre qual será o papel da vice de sua chapa, a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015). Rodríguez Conte disse que as propostas de Fernández até agora incluem a redução da chamada taxa de referência, aquela que o governo paga aos bancos para reduzir a massa monetária; a recomposição salarial; o corte de impostos de economias regionais e da indústria para incentivar exportações; conter o dólar; desativar as operações de Letras de Liquidez (Leliq). O candidato agora favorito fala em desatrelar da cotação do dólar tarifas como água e luz e os preços dos combustíveis.