Saem passageiros, ficam tripulantes

Publicação: 22/02/2020 03:00

O pesadelo da quarentena termina para a maioria dos passageiros do Diamond Princess, mas o isolamento está longe de terminar para os mais de mil tripulantes. Enquanto os passageiros estavam confinados em cabines quase 24 horas por dia, a maioria dos funcionários a bordo não estava sujeita às mesmas restrições. Tinham de preparar e levar as refeições para as cabines, distribuir toalhas, entregar jornais.

O fato de essas tarefas terem sido realizadas pela tripulação de origem gerou fortes críticas, pois alguns consideram que podem ter-se tornado agentes de propagação do vírus.

Depois que o último passageiro deixar o navio, o que deve acontecer neste fim de semana, a tripulação ficará em quarentena por mais 14 dias.

Em geral, os funcionários se abstiveram de conversar com a mídia por medo de perderem o emprego, mas alguns quebraram o silêncio para descrever condições difíceis e a angústia que os cerca. Sonali Thakkar, um segurança de 24 anos, contou que as equipes dormem em uma cabine, compartilham banheiros e comem juntos. Nessas circunstâncias, “a doença se espalha muito facilmente”.

“Temos muito medo, eu e meus colegas. Trabalhamos desde o início da quarentena do navio. À medida que os dias passam, e o número de pessoas infectadas aumenta, o medo aumenta”, explica ele, embora os casos confirmados sejam levados para um hospital em terra.

O presidente da Princess Cruises, Jan Swartz, escreveu uma carta à tripulação, na qual diz que a empresa está “profundamente agradecida e muito orgulhosa de todos”. “Vocês merecem e precisam de descanso. Então, daremos a vocês dois meses de férias remuneradas”, prometeu.

Dependentes das entregas de comida da tripulação, os passageiros agradeceram nas redes sociais. “Minha família e eu queremos expressar nossa profunda gratidão por seu trabalho, sacrifícios e cuidados durante as últimas semanas. Não podemos imaginar as dificuldades que eles enfrentam e continuarão a enfrentar”, diz um deles. (AFP)