Um milhão de infectados no planeta A cifra se baseia somente em testes realizados, mas pesquisadores dizem que há alta taxa de subnotificação. Em alguns países, mais de 50%

Publicação: 03/04/2020 03:00

A pandemia do novo coronavírus alcançou ontem números simbólicos. No mundo, ela ultrapassou 1 milhão de casos oficiais e 50 mil mortes, cifras atingidas em um momento em que metade da população do planeta está forçada a ficar em casa. Mas o número pode ser bem maior devido aos casos subnotificados, que em muitos países estão além da metade dos casos. No Brasil, por exemplo, estima-se que apenas 11% sejam registrados.

Os números crescem exponencialmente. Nos últimos sete dias, foram diagnosticados tantos casos quanto nos 86 dias anteriores. O número de mortos dobrou desde 27 de março. Até agora, 210 mil pessoas foram consideradas curadas.

Mas os dados divulgados no mundo não refletem, necessariamente, a realidade. Muitos países submetem a testes apenas os doentes em estado grave. Alguns deles, como a Finlândia, reconhecem que seus balanços estão subestimados, e que o número real pode ser 30 vezes maior. Em relação aos mortos, alguns estados não incluem as mortes em asilos. Mas o crescimento das cifras mostra a propagação dramática da doença no mundo.

A Europa registrava até o começo da noite de ontem mais da metade dos casos e das mortes do planeta. Eram mais de 542 mil casos registrados, incluindo 37.715 mortos no velho continente, ainda o principal foco da pandemia. Há cerca de um mês, no dia 7 de março, o continente registrava menos de 10 mil casos. A progressão disparou nas últimas semanas: em pouco mais de 10 dias, o número de mortos se multiplicou por sete.

O pêndulo da doença dá sinais de que pende para as Américas e a África. A progressão nos Estados Unidos assusta. Desde 27 de março, o país tornou-se o mais afetado em número de casos, tendo a cidade de Nova York como epicentro nacional. Em 2 de março, havia 68 infectados naquele país. Eram 243 mil casos, segundo a Johns Hopkins University, às 20h32. Nos últimos cinco dias, o número de casos registrados em solo americano dobrou.

O número de mortos nos Estados Unidos segue uma evolução semelhante: os Estados Unidos registraram o primeiro óbito em 1º de março, e, ontem às 20h32, contabilizam 5.926, número que dobrou nos últimos três dias.

Apenas Itália e Espanha têm um número de mortos superior aos Estados Unidos. 13.915 e 10.348, respectivamente. A cada 100 mortes na Europa, 36 são registradas na Itália e 27, na Espanha. Nos dois países, as medidas de confinamento da população parecem funcionar, com um freio na progressão da epidemia.

Mas há luz no fim do túnel na Itália. O país passou de um aumento diário do número de casos de 15% há duas semanas para um índice inferior a 5%. Já a Espanha registra cerca de 8% de casos a mais por dia, contra entre 15% e 20% na semana passada.

Itália, Espanha e Estados Unidos são os únicos países a ter mais casos declarados do que a China, onde surgiu a doença. Em território chinês, as cifras oficiais mostram uma desaceleração importante há um mês, fazendo as autoridades se voltarem para as pessoas assintomáticas. E com razão: os assintomáticos podem transmitir a doença.

No departamento de Jia, no centro da China, uma mulher que visitou o lugar apresentou resultado positivo para a Covid-19 após contato com uma pessoa assintomática. A notificação levou o país a confinar, no momento em que teme uma nova onda de contaminação, os 600 mil habitantes do departamento. A cerca de 800 km de Pequim, Jia, anunciou que seus habitantes não podem sair de casa sem autorização. (Com AFP)

Casos confirmados

Estados Unidos
243.453

Itália
115.242

Espanha
112.065

China
82.432

França
59.929

Irã
50.468

Reino Unido
34.173

Suíça
18.827

Turquia
18.135

Bélgica
15.348

Mortes

Itália
13.915

Espanha
10.348

Estados Unidos
5.926

França
5.398

China
3.316

Irã
3.160

Reino Unido
2.926

Holanda
1.341

Alemanha
1.107

Bélgica
1.011

Fonte: Boletim das 20h32 da Johns Hopkins University