Itália reduz número de deputados e senadores Referendo determina que vagas no Parlamento diminuam de 945 para 600 na próxima legislatura. Mais de 60% dos eleitores disseram sim à mudança

Publicação: 22/09/2020 03:00

A Itália aprovou ontem por referendo a redução do número de parlamentares, uma reforma histórica que reduzirá em um terço as cadeiras no Congresso. O “sim” venceu com entre 60 e 64% dos votos, contra 36 a 40% para o “não”, segundo pesquisa de boca de urna realizada pela emissora pública RAI.

O número de deputados e senadores passará de 945 para 600 na próxima legislatura, com eleições previstas para 2023, promessa eleitoral do Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema). A Itália tem o segundo maior parlamento da Europa, atrás do Reino Unido, com cerca de 1.400, e à frente da França, 925.

O pleito, o primeiro desde que a Itália foi atingida pela pandemia, incluiu eleições em sete regiões. A participação foi de 54% dos eleitores, segundo números preliminares. O resultado, se confirmado, será uma boa notícia para o governo liderado por Giuseppe Conte, que espera resistir nas eleições realizadas no domingo e ontem.

A Itália é governada por uma coalizão formada há um ano entre o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrata (PD, centro-esquerda) e os partidos de centro-direita e a extrema direita formaram uma frente comum com candidatos únicos para tentar conquistar regiões governadas pela esquerda.

Seis regiões, sendo quatro controladas pela esquerda (Toscana, Campânia, Apúlia e Marche) e duas pela direita (Ligúria e Veneto), elegeram seus presidentes. O resultado afetará a estabilidade do governo, que deve apresentar em Bruxelas seu plano de reativação contra a pandemia. A Toscana é a mais cobiçada. O candidato da esquerda, Eugenio Giani, recebeu entre 41 e 45% dos votos, contra 38 a 42% para Susanna Ceccardi, da Liga de extrema direita, do senador  Matteo Salvini.

Um cenário catastrófico para o governo seria a direita ganhar três das quatro regiões atualmente controladas pela esquerda. A direita administra 13 regiões e a esquerda 6.  Se o candidato de esquerda resistir na Toscana, região conhecida por seu bom funcionamento e até então pouco inclinada ao populismo, o governo salvaria a Toscana e reduziria o número de parlamentares.

Apesar do alto número de parlamentares na Itália, é difícil fazer uma comparação entre países, por causa de diferenças em seus sistemas eleitorais e de governo. No regime parlamentarista italiano, os deputados são eleitos por um sistema misto:  375 deputados escolhidos pelo sistema distrital e o restante, em voto proporcional, a partir de listas por partido. No Senado, 109 senadoressão eleitos no sistema distrital e o restante em listas partidárias. (AFP e Folhapress)