Hamas diz não haver "grandes problemas" de trégua em Gaza Delegação do movimento islamista viajará hoje ao Egito para entregar resposta à contraproposta de Israel

Publicação: 29/04/2024 03:00

Um dirigente do Hamas afirmou, neste domingo (28), que o grupo islamista palestino não vê “grandes problemas” na mais recente proposta de Israel e Egito para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, após quase sete meses de guerra.

Uma delegação do movimento islamista viajará ao Egito hoje para entregar a resposta do grupo à contraproposta de Israel, informou o alto dirigente, em anonimato.

“O clima é positivo a menos que haja novos obstáculos israelenses. Não há grandes problemas nas observações e perguntas apresentadas pelo Hamas em relação ao conteúdo” da proposta, afirmou.

O governo israelense enfrenta pressões crescentes, internas e no exterior, para estabelecer um acordo que permita acabar com os bombardeios incessantes em Gaza, governada pelo movimento islamista palestino Hamas desde 2007.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará novamente para Israel e Jordânia, anunciou a administração dos Estados Unidos, enquanto se intensificam os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo em Gaza.

Durante um telefonema neste domingo, o presidente americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, “revisaram as negociações em curso para assegurar a libertação dos reféns juntamente com um cessar-fogo imediato em Gaza”, destacou a Casa Branca.

Catar, Egito e Estados Unidos atuam como mediadores e tentam obter um novo cessar-fogo para o território estreito e devastado, onde quase toda a população está próxima de um cenário de fome, segundo a ONU.

O portal de notícias americano Axios informou, com base em dois funcionários de alto escalão do governo israelense, que a proposta mais recente do país inclui a vontade de debater o “restabelecimento de uma calma sustentável” em Gaza após a libertação de reféns. Esta é a primeira vez em quase sete meses de guerra que as autoridades israelenses sugerem que estão abertas a discutir o fim da guerra, segundo o Axios.

Uma fonte do Hamas, que acompanha as negociações, declarou que o grupo estava “aberto a discutir a nova proposta de maneira positiva”. A fonte acrescentou que o grupo deseja “alcançar um acordo que garanta um cessar-fogo permanente, o retorno dos deslocados, um acordo aceitável para a troca [de prisioneiros] e o fim do cerco” em Gaza.

“Fracasso total”
Os países que desejam o anúncio de um acordo participaram neste domingo de uma reunião do Fórum Econômico Mundial na Arábia Saudita, onde o ministro das Relações Exteriores do país-sede, o príncipe Faisal bin Farhan, afirmou que a comunidade internacional falhou por não conseguir uma solução para Gaza. “A situação em Gaza é obviamente uma catástrofe em todos os sentidos: humanitária, mas também um fracasso total do sistema político existente para enfrentar esta crise”, disse. “Apenas um caminho confiável e irreversível na direção de um Estado palestino evitará que o mundo enfrente esta mesma situação dentro de dois, três ou quatro anos”, acrescentou.

O governo de Netanyahu rejeita os apelos para a criação de um Estado palestino. Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, a organização que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, fez um apelo ao governo dos Estados Unidos para impedir Israel de invadir Rafah, no sul de Gaza.

Quase 1,5 milhão de pessoas, a maioria deslocadas pela guerra, estão aglomeradas na cidade de fronteira com o Egito, onde uma operação militar israelense seria “o maior desastre na história do povo palestino”, afirmou Abbas. (AFP)