Gilberto Freyre, protestante

Marco-Aurélio de Alcântara
Jornalista
malcntara55@gmail.com

Publicação: 31/05/2014 03:00

Uma das facetas menos conhecida e menos estudada de Gilberto Freyre foi a sua adesão, ainda adolescente, ao Protestantismo certamente por influência do pai, e do Prof. Muirhead. no Colégio Americano Baptista, do Recife. Diogo de Mello Menezes, seu primo, trata do assunto na biografia que escreveu. Mas, o melhor estudo sobre essa vertente talvez seja o ensaio de Mário Ribeiro Martins, Gilberto Freyre, o Ex-Protestante distribuído, em 1973, pela Cruzada de Literatura Evangélica. Junto a Gilberto Freyre, em 1917, estavam colegas, bem mais velhos que o adolescente.

Contava-me Aníbal Fernandes que G. F. era excelente orador-pregador, indo aos subúrbios com a Bíblia debaixo do braço. Ele escondeu a influência marcante do aprendizado evangélico na sua formação. E também as lições do “velho Freyre”, um “expert” na leitura da Bíblia. Lá ficou até aos 17 anos. Na Universidade de Baylor, para onde foi mandado em 1918, freqüentou a Seventh & James Baptist Church. Seu batismo foi na Primeira Igreja Baptista do Recife, em 1917. Sua admiração pelo pregador famoso Billy Sunday, quase o fez completar o curso de Pastor.

Poderia, a prevalecer a influência protestante, ter-se tornado um novo Newman (John Henry Newman), sacerdote anglicano que se converteu ao Catolicismo nomeado Cardeal pelo Papa Leão XIII, e que, buscando o Cristianismo primitivo, abandonou a igreja anglicana. Não vamos esquecer que Gilberto teve forte admiração pelas idéias de Charles Maurras, fundador da Action Française. Na Universidade de Columbia, laicizou-se, freqüentando as aulas do antropólogo judeu Boas e adotando uma atitude anarco-liberal. Na idade provecta, se deixaria seduzir, como Newman, pela beleza estética da liturgia católica.