Confederação do Equador

Cláudio Roberto de Souza
Mestrando em história na UFPE
claudiosouza2006@hotmail.com

Publicação: 03/07/2014 03:00

Em Pernambuco, as elites locais defendiam, durante o império, que as províncias possuíssem autonomia em relação ao governo central. D. Pedro I, entretanto, centralizava o poder e acumulava gestos autoritários, principalmente depois que fechou a Assembleia Constituinte de 1823 para outorgar a própria Constituição. O absolutismo do imperador e o excesso de impostos sobre o Nordeste acirravam o ânimo dos liberais pernambucanos. Esses já haviam protagonizado a Revolução de 06 de março de 1817, quando instalaram uma república que resistiu por três meses à repressão lusitana e, depois, formaram uma junta de governo pró-independência em 1821, conduzida pelo comerciante Gervásio Pires. Em janeiro de 1824, os liberais elegeram Manoel de Carvalho Paes de Andrade, líder de 1817, para a presidência da província. O imperador depôs Carvalho e nomeou um novo governo, que não foi reconhecido pelos liberais.

Em 02 de julho de 1824, Frei Caneca, Manoel de Carvalho e vários outros veteranos de 1817, retomaram o projeto de independência e proclamaram a Confederação do Equador. Frei Caneca era um frade carmelita, foi aluno do Seminário de Olinda e era um intelectual de primeira linha, professor, jornalista e arguto crítico da situação política do País. O movimento ampliou-se com a adesão de lideranças políticas da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Os rebeldes consideravam a criação de uma república federativa, com estados autônomos e um legislativo forte, mas não descartavam negociar com o imperador a formação de uma monarquia constitucional que respeitasse os governos locais. Embora o debate político predominasse, também de discutiram questões sociais, inclusive a abolição do tráfico de escravos.

A Confederação, entretanto, não conseguiu estabelecer um governo. A repressão imperial impediu a disseminação do movimento e culminou com a prisão, degredo e execução dos líderes, entre eles, Frei Caneca, deposto das ordens eclesiais e fuzilado. Pernambuco também foi punido com a perca da Comarca do São Francisco, que foi desmembrada de seu território e anexada a Bahia. Apesar da derrota, a Confederação do Equador foi a mais séria contestação ao modelo de Nação conduzido por D. Pedro e pelas elites sulistas e consolidou a ideia de que Pernambuco era uma província rebelde, o Leão do Norte.