EDITORIAL » A epidemia de míopes

Publicação: 19/10/2017 03:00

Pode-se dizer que já se vive uma epidemia de miopia. Pior: o quadro tende a piorar, razão pela qual é necessário se pensar em causas para este problema de saúde pública. É estatístico: Especialistas garantem que, até 2020 no Brasil, 27,7% - ou cerca de um terço das pessoas - terão dificuldades oculares. Nos Estados Unidos, 42,1%. É uma estimativa para daqui a apenas três anos. Se for considerado um período ampliado, a prevalência deve ser de 50,7% de brasileiros míopes e 58% de americanos, afirma estudo da Academia Americana de Oftalmologia (AAO).

Menciona-se o levantamento neste momento pela oportunidade do mês das crianças. Impossível não se vincular a saúde ocular infantil com o interesse cada vez maior e, por consequência, a elevada busca de pais por produtos tecnológicos que atendam aos anseios dos filhos. Pesquisadores garantem haver uma estreita relação entre a miopia e a tecnologia. Tablets, computadores e outros dispositivos portáteis são utilizados de forma muito próxima dos olhos e o nível de luz emitido pelos objetos é superior àquele emitido pelo exterior, o que acentuam dificuldades para aqueles que já têm tendências a desenvolver a miopia. Esta deficiência tende a se apresentar na idade escolar e piora à medida que o globo ocular completa o desenvolvimento.

A epidemia de míopes é um problema grave e coletivo, com forte rebatimento na saúde pública. A boa notícia: há como reduzir o avanço ampliado da epidemia, a depender do empenho familiar - em se tratando de crianças - para manter o equilíbrio nas atividades, sobretudo aquelas com idade menor que 12 anos. O uso de equipamentos portáteis por, no máximo, trinta minutos ao dia é uma boa indicação médica. Assim como há estudos voltados a investigar a saúde ocular com o uso da tecnologia, existem outros mostrando que, se a criança brinca ao ar livre, pode ter miopia elevada em ritmo muito mais lento. A alimentação pode ser outro fator essencial para quem tem predisposição à miopia. A sugestão é reduzir o consumo de açúcar porque a produção de insulina ajuda a modificar o crescimento do eixo óptico, responsável pelas imagens projetadas. Não basta o empenho governamental; resta o esforço doméstico para que a proporção da epidemia não seja ainda maior.