Oportunidade desperdiçada

César Caúla
Procurador geral do Estado

Publicação: 24/10/2017 03:00

Diálogo não significa necessariamente convergência ou concordância. Mas necessariamente é falar e ouvir. O diálogo verdadeiro exige humildade para conhecer, respeito ao outro para expor integralmente o pensamento, vontade comum de encontrar a melhor solução, disposição para ouvir, abertura para aprender, disponibilidade para mudar de opinião.

Não foi isso que vivenciamos na audiência pública de 19 de outubro último na Assembleia Legislativa, quando o governo do estado atendeu a convite para discutir segurança pública.

Era um momento adequado para unir forças em prol da melhoria das ações de enfrentamento à violência, que afeta todos, independentemente de classe social ou ideologia política.

O governo do estado, como uma demonstração significativa de respeito à Casa Legislativa, fez uma exposição minuciosa de todas as ações que vêm sendo desenvolvidas no âmbito do Pacto pela Vida desde 2015, numa detalhada prestação de contas aos cidadãos e representantes do povo ali reunidos.

Esperava-se que isso fosse o início de um diálogo consistente. Infelizmente, não foi o que ocorreu.

Aparentemente, parte da bancada de oposição não tinha o menor interesse de dialogar, queria apenas um palco para fazer juízos negativos superficiais. Não queria ser informada do que não conhecia, não pretendia compreender todo o contexto. Ao contrário, aparentemente o fato de o governo ter muito a mostrar incomodou profundamente alguns parlamentares. Chegou-se a reclamar do número de minutos dedicados à apresentação. Havia, por parte do governo, muito a mostrar e muita disposição para dedicar o tempo que fosse necessário aos problemas em questão, como aliás se faz em todas as numerosas reuniões de trabalho no âmbito do Pacto pela Vida.

O fato é que por intransigência de membro da bancada opositora, decorrente de interesse individual, a reunião foi encerrada precocemente. Por falta de unidade de propósitos, os parlamentares contrários ao governo perderam a oportunidade de dialogar e contribuir.

O Governo Paulo Câmara não teme o choque de ideias. O dissenso democrático é natural e produtivo. Sempre esteve e está disposto a ouvir, aprender e aprimorar. Em todas as oportunidades em que foi convidado a debater na Casa Legislativa, esteve presente, prestando contas das ações adotadas. E não pela primeira vez, viu, constrangido, a oportunidade de diálogo republicano ser desperdiçada.

Louva-se, aqui, como um contraponto até, a postura da OAB-PE quanto ao mesmo tema. Para contribuir com o objetivo comum, procurou obter informações, levantou dados, ouviu quem poderia auxiliar para a compreensão dos fatos e apresentou ao governo sugestões. Não é necessário concordar com todo o conteúdo do relatório apresentado para se reconhecer o valor e a sinceridade do esforço empreendido.