O Romancista de Caruaru e o Eterno Prefeito

Valéria Barbalho *
valeriageni@gmail.com

Publicação: 14/12/2017 03:00

Da terça, 17, ao domingo, 22 de outubro deste 2017, em Caruaru, aconteceu a Semana Condé, uma série de eventos em homenagem ao centenário do escritor caruaruense José Condé, promovida pelo Instituto Histórico de Caruaru, organizada pelo seu presidente, Walmiré Dimeron, e equipe. Não pude participar, como gostaria, de todas as atividades, mas fui para o almoço de “recepção à Família Condé”, na Associação Comercial e Empresarial de Caruaru - ACIC, e para a mesa-redonda “Condé na Intimidade”, com Vera Condé, filha do escritor, e Leopoldo Leite, amigo da família, realizada na sede da Academia Caruaruense de Cultura Ciências e Letras – ACACCIL.

No almoço da ACIC, o vice-presidente da instituição, Alfredo Alves Neto, fez uma breve saudação aos presentes e, no memorial da entidade, descerrou, juntamente com a filha do homenageado, uma placa comemorativa ao centenário do seu pai. Na ACACCIL, após os cumprimentos de praxe feitos por Malude Maciel, vice-presidente da casa, Vera e Leopoldo contaram causos inusitados de Condé, provocando boas risadas da plateia.

Nessas solenidades, uma presença que se destacou foi a do ex-prefeito da Capital do Agreste, Anastácio Rodrigues, nosso “Eterno Prefeito”, como ele é conhecido. Admirador do autor de Terra de Caruaru e Pensão Riso da Noite, entre outros títulos, Anastácio, quando governante do município, construiu e inaugurou, em 1973, a Casa de Cultura José Condé, espaço que abriga, entre outras coisas, o acervo pessoal do escritor, doado pela família após sua morte em 1971.

Na ACIC, Anastácio, posou para fotos ao lado da placa comemorativa recém-inaugurada. Na ACACCIL, o “Eterno Prefeito”, no auge dos seus 89 anos e com toda lucidez, ficou atento a tudo que os componentes da mesa falavam. Quando foi dada a palavra aos presentes, ele, comovido, pegou o microfone e contou uma das maiores emoções que já viveu: ter assistido, em 1970, na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, ao desfile da Escola de Samba Unidos de São Carlos (atual Estácio de Sá), que naquele ano desenvolveu o enredo “Terra de Caruaru”, inspirado no clássico de Condé. Sobre esse desfile, a acadêmica Socorro Maciel, que ocupa a cadeira cujo patrono é o homenageado, lembrou que todos os figurinos e adereços da escola de samba tinham sido desenhados pela sua mãe, a artista plástica Luiza Maciel (uma das fundadoras da Academia).

Ao me despedir do ex-prefeito Anastácio, todo ancho, ele me convidou para o lançamento, ainda sem data marcada, da sua biografia, Anastácio, o Eterno Prefeito, escrita pelo jornalista Fernandinho Neto. Daí, convidei-o para o lançamento, também sem data, da biografia José Condé – O Romancista de Caruaru, escrita por Nelson Barbalho. Amigos de infância, meu pai registrou, em livro, toda a trajetória de “Zé Miau” (como ele o chamava), desde o tempo da escolinha do professor José Leão, no País de Caruaru, até a sua morte precoce, no Rio de Janeiro, aos 53 anos. Agora, é só aguardar que os dois livros saiam do prelo. Vai ser uma verdadeira festa literária caruaruense. Vivaaaaaaaa!
 
* Escritora