Project Cure: um facilitador do atendimento na saúde pública

Marcos Roberto Dubeux*
opiniao.pe@DIARIODEPERNAMBUCO.com.br

Publicação: 15/12/2017 03:00

O Project Cure (Comissão sobre Alívio Urgente e Equipamentos) – ou CURA, em português – é o maior distribuidor de suprimentos e equipamentos médicos para comunidades carentes, ajudando pacientes em mais de 130 países. A cada semana, a organização despacha três containers de materiais adquiridos a partir de doações em seis centros de distribuição e nove pontos de recepção nos Estados Unidos. Dotada de sistemas de inventário eficientes, gerenciamento especializado de logística e forte relacionamento contando com mais de vinte mil voluntários, a instituição opera logística utilizando o tema da Saúde para fazer o bem indistintamente.

Em 2014, por causa de uma lesão no joelho, tive contato com o Operation Walk Chicago. Participei do esforço conjunto que incluiu agentes públicos, privados e organizações não-governamentais para trazê-lo a Pernambuco. Como resultado, foram realizadas 46 cirurgias de artroplastia de quadril em janeiro de 2017, no Hospital Dom Helder Camara. Uma nova missão humanitária já está confirmada para o primeiro semestre de 2018, visando parceria de longo prazo que inclui troca de conhecimento e poderá reduzir drasticamente a fila de espera para esse tipo de procedimento no Estado. Há alguns meses, retribui a visita dos médicos americanos, em Chicago. Foi aí que conheci o Project Cure e ainda outros. Tive a sensação de estar abrindo uma Matrioska.

Curiosamente, a iniciativa do Project Cure surgiu quando o fundador James Jackson percebeu, durante visita a uma pequena clínica próxima ao Rio de Janeiro, que muitos pacientes não eram atendidos pela falta de suprimentos básicos. Na volta para casa, reuniu, com a ajuda de amigos da indústria médica, 250 mil dólares em suprimentos, em apenas 30 dias. Isso foi em 1987. Após 30 anos de atuação, o Brasil recebeu não mais que aquele valor inicial, por diversas razões, enquanto nesse mesmo período o México atingiu a marca de 200 milhões de reais em donativos, por exemplo. Quem me contou essa estória foi o Dr. Douglas Jackson, filho do fundador e que preside a organização desde 1997. Ele veio a Pernambuco em novembro passado. Na ocasião, visitamos com a presença da Secretaria de Saúde seis hospitais no Recife e no interior, quando um questionário minucioso foi realizado, para levantar as necessidades de cada instituição.

Hoje, o trabalho e a missão do Cure são mais importantes do que nunca. Todos os dias, milhares de brasileiros morrem em hospitais por causa das impressionantes lacunas na saúde. A carência é total: faltam macas nas emergências, monitores e refletores para blocos cirúrgicos, seringas, agulhas, bisturis, equipamentos de imagem que poderiam multiplicar a quantidade de pacientes atendidos. Em parceria com o governo do estado está em andamento um levantamento dos problemas, fila de espera, os gargalos e o impacto gerado pela potencial doação que passará por criteriosa análise da Anvisa. De posse disso e cruzando com o extenso estoque do projeto, se chegará num plano de doações para alguns anos que iniciará com alguns hospitais da rede pública e poderá ser ampliado. Em breve, vamos lançar uma plataforma para voluntários que desejem se juntar a essa iniciativa. Toda ajuda será bem-vinda!.

* Empreendedor.