Grupo tenta reeditar marcha de 1964 Em Pernambuco, a mobilização de 2014 aconteceu pelas redes sociais, mas foi fraca: menos de 20 confirmaram presença

Franco Benites
Especial para o Diario
politica.pe@dabr.com.br

Publicação: 22/03/2014 03:00

Em 1964, o Diario fez a cobertura da marcha, na Boa Vista (ARQUIVO/DP/D.A PRESS)
Em 1964, o Diario fez a cobertura da marcha, na Boa Vista
O Recife e cerca de 200 cidades do país voltarão no tempo na tarde de hoje. Elas serão palco de uma reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada em 1964. Naquele ano, perto de 200 mil pessoas foram às ruas da capital pernambucana no dia 9 de abril, uma semana depois de o governo militar ser instalado, para comemorar a vitória sobre a “ameaça comunista”. Cinquenta anos depois, a marcha foi agendada para iniciar às 14h na Praça do Derby, no Centro.

A convocação da Marcha da Família 2014 ocorreu via redes sociais. Há diversas páginas no Facebook destinadas ao evento. A mobilização pernambucana pela internet, no entanto, foi fraca. Até o fechamento desta edição, menos de 20 pessoas haviam confirmado a participação na marcha. Também na internet alguns grupos fizeram um chamado para uma passeata anti-marcha.

Integrante da Comissão Estadual da Memória e Verdade, criada para resgatar a história de presos e desaparecidos na ditadura, a professora de história Socorro Ferraz não crê no sucesso da nova Marcha da Família. “Existe uma certa organização em volta do conservadorismo. Mas há um chavão que cabe nessa ocasião. A história não se repete, a não ser como farsa”, disse.

Os organizadores da marcha no Recife não retornaram o contato da reportagem. Já políticos ligados ao eleitorado evangélico, como os vereadores Michele Collins (PP) e Alfredo Santana (PRB), afirmaram que não vão ao evento.

Passado

Em 1964, o Diario fez a cobertura da Marcha da Família. O evento teve início perto da Avenida Conde da Boa Vista e foi encerrado na Praça da Independência (conhecida como Pracinha do Diario). De acordo com as informações publicadas na épooca, participaram do evento pessoas de todas as classes sociais, do Recife e interior.

A Marcha da Família de 1964 contou com a presença do escritor Gilberto Freyre, um dos oradores chamados a discursar no fim da passeata naquela tarde de abril. Ainda segundo a reportagem do Diario, os manifestantes compareceram ao evento com faixas com “dizeres de agradecimento aos chefes militares”.