A caminho da Suíça em busca do dinheiro Integrantes do MPF vão à Europa para repatriar US$ 23 milhões desviados por Paulo Roberto Costa e buscar contas de outros suspeitos

Publicação: 21/11/2014 03:00

Procuradores da força-tarefa da Operação Lava-Jato embarcam para a Suíça na segunda-feira em busca de parte do dinheiro desviado da Petrobras. Eles pretendem trazer de volta para o Brasil US$ 23 milhões de uma conta do ex-diretor de Refino e Abastecimento Paulo Roberto Costa, que diz ter recebido os recursos da empreiteira Odebrecht. A construtora nega. Outro objetivo é verificar se procedem as suspeitas de que o ex-diretor de Serviços e Engenharia Renato Duque, ligado ao PT, e o lobista do PMDB Fernando “Baiano” Soares mantêm recursos na Europa.

Deltan Dallagnol e Orlando Martello devem chegar ao país europeu na terça-feira e voltar ao Brasil na sexta. Nesse período, os procuradores da República vão buscar documentos das contas de Costa e procurar a existência de outras contas de suspeitos para pedir o bloqueio. “Vamos buscar a repatriação dos valores e trazê-los para uma conta no Brasil”, afirmou Dallagnol ao Correio Braziliense/Diario. Ele disse que o lobista Fernando Baiano pode ter dinheiro no exterior, mas não só ele. “Existe uma suspeita forte. Há indicativo de contas na Suíça com recursos do Duque e do Fernando Baiano.”

Se as informações prestadas pelos suspeitos que negociaram a delação premiada procederem, as contas de Costa, Duque, Baiano e Pedro José Barusco Filho – ex-gerente executivo de Serviços e Engenharia da Petrobras – tem recursos milionários. O próprio Paulo Roberto Costa e os executivos da Toyo Setal Júlio Camargo e Augusto Mendonça afirmam haver US$ 160 milhões e mais o equivalente a R$ 50 ou R$ 60 milhões escondidos fora do país. Ou seja, a cifra pode chegar a US$ 183 milhões, R$ 476 milhões no câmbio atual.

Recursos

Júlio Camargo também escondeu recursos no país europeu, segundo Dallagnol. “Outras pessoas têm contas na Suíça. Estou em contato direto com os suíços para a gente ter acesso a essa documentação.” Segundo o procurador, as autoridades do país europeu “descobriram várias coisas, várias pessoas”. “Vamos averiguar essas outras contas. Vai ser uma diligência geral.”

Porém, deve demorar para se obter cópias do material e usá-los como provas na Lava-Jato. Isso porque os suíços possuem um procedimento mais lento para compartilhar documentos. Ainda assim, a ideia é utilizar essas provas para facilitar as investigações da operação do Ministério Público e da Polícia Federal. “Se a pessoa não falar que tem conta lá, eu vou saber que ela está mentindo”, explicou Dallagnol. (Do Correio Braziliense)