Réu da Lava-Jato chama políticos para sua defesa Gim Argello é o primeiro a chamar praticamente só parlamentares como testemunhas: 15 pessoas, entre deputados e senadores

Publicação: 27/05/2016 03:00

Ex-senador pedetista, Gim Argello foi preso em abril na Lava-Jato, acusado de cobrar propina para evitar depoimento de empreiteiros à CPI (DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO)
Ex-senador pedetista, Gim Argello foi preso em abril na Lava-Jato, acusado de cobrar propina para evitar depoimento de empreiteiros à CPI
O ex-senador Gim Argello (PTB-DF), preso em abril na Operação Lava-Jato, elencou como suas testemunhas de defesa na ação em que é acusado de cobrar propinas para evitar a convocação de empreiteiros nas CPIs das Petrobras em 2014 um total de 15 parlamentares, sendo sete deputados e oito senadores Na lista há nomes do PSD, PMDB, PT, PDT, PV, DEM, PSDB, PSB e PP.

Além disso, a defesa de Argello também listou como testemunha o ministro do Tribunal de Contas da União, Vital do Rêgo, o ex-senador e ex-ministro dos Transportes no governo Dilma Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), o ex-senador Hugo Napoleão (PSD-PI) e o diretor das comissões de inquérito do Senado, Dirceu Vieira Machado.

É o primeiro réu da Lava-Jato que chama praticamente só políticos para sua defesa na ação em que responde perante o juiz federal Sérgio Moro, que vai avaliar a lista de testemunhas e pode pedir explicações ao ex-senador sobre porque escolheu os nomes.

O partido com mais nomes é o PT, com quatro parlamentares, seguido pelo PSDB, com três e o PSD, com dois. A partir daí, a defesa de Argello listou um político de cada partido citado acima. Se destacam na lista nomes como o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos mais ferrenhos opositores de Dilma e que foi coordenador jurídico da campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB) em 2014.

Também aparecem o senador Humberto Costa (PT-PE), que virou líder do governo Dilma no Sendo após a prisão de Delcídio Amaral por tentativa de obstruir a Lava Jato e o deputado e ex-ministro das Cidades no governo Dilma Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Defesa
A lista foi encaminhada na defesa prévia - primeira manifestação dos réus após a aceitação da denúncia -, de Gim Argello ao juiz Moro. O documento de 59 páginas é subscrito pelos defensores do ex-senador - os advogados Marcelo Bessa, Rafael Ferracina, Fábio Ferreira Azevedo e Laryssa Brito Moreira.
Eles pedem que a denúncia contra Gim Argello seja encaminhada ao Supremo Tribunal Federal. Alegam que mais de um delator citou encontros de Argello e Vital do Rêgo com os empreiteiros que teriam sido extorquidos, segundo o Ministério Público Federal, no período das CPIs no Congresso e no Senado.

Como é ministro do TCU, Vital do Rêgo tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo. Além disso, os advogados pedem que a denúncia contra o ex-parlamentar seja rejeitada, alegando que ele recebeu doações legais e não propinas em troca de evitar a convocação de empreiteiros. (AE)

Testemunhas

Senador
João Alberto Souza PMDB-MA

Senador
Sérgio Petecão  PSD-AC

Senador
Humberto Costa
PT-PE

Senador
Acir Gurgacz
PDT- RO

Senador
Álvaro Dias
PV-PR

Ex-senador
Antonio Carlos R. PR-SP

Deputado
Marco Maia
PT-RS

Hugo Napoleão, ex-ministro da Educação,ex-governador do Piaui e ex-senador que tentou se eleger em 2014 deputado pelo PSD-PI, mas não foi eleito

Deputado
Rodrigo Maia
DEM-RJ

Deputado
Carlos Sampaio  PSDB-SP

Senador
José Pimentel
PT-PI

Senador
Flexa Ribeiro
PSDB-PA

Senador
Paulo Paim
PT-RS

Deputado
Antonio Imbassahy PSDB-BA

Deputado
Hugo Leal
PSB-RJ

Deputado
Antonio Brito
PSD-BA

Deputado
Aguinaldo Ribeiro
PP-PB

Vital do Rêgo
Ministro do TCU

Dirceu Vieira Machado
Diretor das comissões de inquérito do Senado