Dilma: "Caixa 2 não teve meu consentimento" Declaração da presidente afastada foi dada em resposta a depoimento dado por publicitários a Moro

Publicação: 23/07/2016 03:00

A presidente afastada da República, Dilma Rousseff, afirmou ontem que não autorizou pagamento de caixa 2 a ninguém durante sua campanha. “Na minha campanha, eu procurei sempre pagar valor que achava que devia. Se houve pagamento (de caixa 2), não foi com meu conhecimento”, comentou, em resposta ao publicitário João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, que informaram, quinta-feira, ter recebido US$ 4,5 milhões em uma conta na Suíça com origem de caixa 2 da campanha da petista de 2010.

O casal foi interrogado em Curitiba pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato na primeira instância. Dilma afirmou ainda que continua lutando para retornar ao poder e ressaltou que o processo de impeachment só será finalizado com a votação no Senado, prevista para o fim de agosto. “Na abertura do processo, 22 senadores votaram contra o impeachment. Portanto, só faltam seis ou sete senadores para garantir que o impeachment não passa. E eu tenho conversado bastante com os senadores”, comentou. A presidente afastada fez as declarações à Rádio Jornal.

Dilma ainda rebateu a afirmação de Lula, feita durante visita do ex-presidente a Pernambuco, de que ela errou a propor medidas de ajuste fiscal, que fizeram o governo perder o apoio de classes trabalhadoras. “Ninguém se conformou de Dilma ter dito durante a campanha que não ia mexer no bolso do trabalhador e depois ela ter colocado em prática um programa que era do adversário. Ela já tinha feito reuniões com os sindicatos, mas foi anunciado um pacote que jogou os sindicalistas contra ela”, comentou Lula na ocasião.

A presidente afastada contra-argumentou. “Não acredito que mexi no bolso do trabalhador. O que nós corrigimos no seguro-desemprego e nas pensões, e principalmente no seguro-defeso, foram coisas que estavam incorretas, pagando pessoas que não eram pescadores, por erro de cadastro. Eu mexi em distorções da lei”, afirmou.

Também ontem, em entrevista à Rádio Pampa, de Porto Alegre (RS), Dilma disse que há grande chance de reverter o impeachment, porque os senadores “têm um nível de responsabilidade muito forte”. Nesse sentido, a presidente afastada negou que já esteja fazendo sua mudança do Palácio do Alvorada para Porto Alegre, onde vive sua família. “O que eu tenho está no Palácio da Alvorada, pouca coisa está em Porto Alegre. Espero levar as minhas coisas para lá em janeiro de 2019, e assim como o Lula, eu vou ter alguns tantos contêineres”, afirmou.

Dilma negou a possibilidade de manter a atual equipe econômica caso volte à Presidência, mas elogiou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. “Não vejo nenhum defeito na pessoa do Henrique Meirelles, ele é capaz e competente”, disse. Ela também comentou sobre a saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara. “A Câmara sofreu uma melhoria. Querendo ou não, não é mais o nosso infeliz Eduardo Cunha”. Dilma disse que, mesmo não tendo nenhuma especial aproximação com o DEM, espera que o novo presidente da Casa, Rodrigo Maia, “tenha uma atuação absolutamente republicana”. (Da redação com AE)