Perícia conclui que Morato cometeu suicídio Empresário apontado como integrante de esquema que desviou dinheiro público morreu em junho

SÁVIO GABRIEL
saviogabriel.pe@dabr.com.br

Publicação: 31/08/2016 03:00

Dois meses após o início das investigações, a Polícia Civil concluiu o inquérito que apurou a causa da morte do empresário Paulo César Morato, apontado como integrante de um esquema criminoso que teria desviado R$ 600 milhões de obras da Transposição do São Francisco e da Petrobras para abastecer campanhas políticas no estado. A conclusão, apresentada ontem, foi de que Morato cometeu suicídio por meio de ingestão de chumbinho após saber que havia um mandado de prisão expedido em seu nome. O empresário foi um dos indiciados pela Polícia Federal na Operação Turbulência e foi encontrado morto no dia 22 de junho, um dia após a deflagração da operação, em um motel localizado em Olinda.

De acordo com a delegada Gleide Ângelo, responsável pela investigação, não há nenhuma possibilidade de que o empresário tenha sido vítima de queima de arquivo, como se especulava. Por meio de imagens do circuito interno do motel, ela mostrou que ninguém mais entrou ou saiu da suíte 02, onde Morato passou as últimas horas de vida. O motel possui 16 câmeras de monitoramento e duas delas cobriam as duas entradas do quarto. Gleide afirmou que todos os funcionários que trabalharam entre os dias 21 (em que Morato deu entrada no motel) e 22 de junho (quando o corpo foi encontrado) foram ouvidos. Os depoimentos estão em consonância com as imagens das câmeras.

Na época da morte, houve alguns questionamentos pelo fato de o corpo já ter sido  manipulado antes das perícias. “Não foi ilegal manipular (antes da chegada da equipe do DHPP), porque é o procedimento padrão”, disse a delegada. Ela disse que  quando um corpo é encontrado e não há sinais de violência, a Polícia Militar é acionada. Confirmada a informação, a equipe de plantão da Polícia Civil é acionada e o Instituto de Medicina Legal recolhe o corpo. Quando descobriram que Morato era foragido da Polícia Federal, o corpo já havia sido ensacado e estava sendo preparado para ser retirado do local. “Eles pararam tudo e nos acionaram”, disse Gleide.

Morato já tinha tentado suicídio. A delegada disse que a advogada dele revelou que, em 2015, o empresário já havia tentado tirar a própria vida por meio da ingestão de remédios. Ele havia dito que estava com problemas financeiros.

A perita Vanja Coelho, responsável pelo laudo final, ressaltou que 17 procedimentos foram realizados. Entre eles, exames histopatológico, papiloscópico e de DNA.

Ela destacou que não houve qualquer tipo de comprometimento devido à violação do corpo antes das análises. Nos sete pendrives encontrados no local, havia apenas músicas. O celular do empresário também foi analisado, mas não foi encontrada nenhuma informação relevante. O inquérito segue, hoje, para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que analisará se o caso será ou não arquivado.  

Câmeras do motel

 (Divulgação)

1. Os registros mostram que o empresário entrou sozinho no motel às 12h47 do dia 21. Houve três tentativas de contato até que os funcionários notassem que ele estava morto, às 17h43 do dia 22

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2. Passadas quase 12 horas da entrada, funcionários tentaram o primeiro contato por telefone, a 0h, sem sucesso. A 0h58, uma funcionária tocou a campainha do quarto, mas não teve resposta

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3. Uma segunda tentativa de contato presencial aconteceu às 17h39 do dia 22. A funcionária tocou cinco vezes a campanhia do quarto de Morato, mas novamente não obteve resposta

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4. Às 17h43, os funcionários aceitaram sugestão de uma visitante para entrar no quarto e encontraram o corpo de Morato. Nove minutos depois, eles acionaram por telefone a polícia.