Câmara finca posição em relação às reformas Socialista declarou que orientou, ontem, a bancada a votar contra a mudança nas leis trabalhistas

Rosália Rangel
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Publicação: 27/04/2017 03:00

Diante das divergências que envolvem as reformas trabalhista e da Previdência, o governador Paulo Câmara (PSB) esclareceu ontem seu posicionamento sobre as propostas do governo. O socialista, que é vice-presidente nacional do PSB, afirmou que é contrário à reforma trabalhista e, inclusive, orientou os deputados da legenda ontem a votarem contra o projeto. Já em relação à previdenciária, o governador, apesar de discordar de alguns pontos do texto atual, acredita que ainda há tempo de “aprimorar” os termos da reforma através do diálogo.

“Defendo a necessidade do Brasil fazer reformas, que envolvam a Previdência, a tributária, a trabalhista, a política. Reformas que possam realmente dar estabilidade ao país. Agora, elas têm que ser feitas a partir de movimentos que garantam os direitos dos trabalhadores, que cortem privilégios e não atinjam os mais vulneráveis”, destacou o socialista.

O governador fez questão de dizer que, na condição de dirigente e filiado do PSB, apoiou a decisão da executiva de fechar questão contra a reforma trabalhista, mas considera que, em relação a previdenciária, é preciso debater mais o assunto. “Reconhecemos que o relatório mais recente traz avanços como a questão dos trabalhadores rurais e na questão das mulheres, no entanto, pode-se avançar ainda mais”.

Ele citou como exemplo a situação dos trabalhadores informais que, segundo ele, dificilmente atingirão os 25 anos de contribuição, “assim como os atendidos pelo benefício da prestação continuada que representam a maior parte dos segurandos de Pernambuco”, frisou o socialista.

Mesmo com o presidente Michel Temer (PMDB) que, na última terça-feira se reuniu com governadores do país, afirmando que o governo não vai mais fazer concessões, Paulo Câmara acredita que mudanças podem ocorrer. “Ainda temos duas ou três semanas até a votação em plenário. Tempo, portanto, para aprofundar o debate e chegar a um acordo. Hoje, da forma que está, ainda precisa de aprimoramentos para ter a nossa defesa concreta”, ponderou.

Para fundamentar seu posicionamento, Paulo Câmara lembrou que, quando o projeto inicial da Previdência foi enviado à Câmara dos Deputados, o que se falava era que não ia mexer. “E mexeu positivamemte. Então, entendemos que há uma compreensão da importância da reforma e acho que podemos apriomorar sim (a atual proposta)”.

SIQUEIRA
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, manteve ontem a decisão da executiva do partido de fechar questão contra as reformas da Previdência e trabalhista. Com a posição, a líder do PSB na Câmara, Tereza Cristina (MS), afirmou que vai “repensar” sua permanência na liderança.

Siqueira rejeitou apelo de deputados do partido para que a direção da legenda revisse a decisão de fechar questão. Pelo menos 18 dos 35 deputados assinaram um documento pedindo para que a Executiva da sigla voltasse atrás e liberasse a bancada nas votações.

O presidente do PSB afirmou que não há como rever uma decisão que teve apoio de “quase 95%” da Executiva. Ele disse que não vai punir os deputados que votarem a favor das reformas, mas eles poderão ser alvos de ações no conselho de ética na sigla movidas pelos correligionários. (Com agências)