Nomes para mais 1 ano de Lava-Jato Em seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex-ministro Antônio Palocci disse ter informações interessantes para operação e nega ser o "Italiano"

Publicação: 21/04/2017 03:00

Antônio Palloci foi preso pela Operação Lava-Jato em setembro do ano passado (PAULO LISBOA/AFP)
Antônio Palloci foi preso pela Operação Lava-Jato em setembro do ano passado
Ex-ministro dos governos Dilma e Lula, Antônio Palocci afirmou em depoimento ao juiz Sergio Moro ontem que está à disposição para apresentar “nomes, endereços e operações realizadas” de “interesse da Lava-Jato”. A fala foi feita após duas horas em que Palocci negou que tenha solicitado caixa 2 a Odebrecht para as campanhas presidenciais ou que favoreceu a empresa em troca de recursos ilícitos. “E nunca pedi ou operei caixa 2. Mas ouvi dizer que isso existiu em todas as campanhas, isso é um fato. Encerro aqui e fico à sua disposição porque todos os nomes e situações que optei por não falar aqui por sensibilidade da informação estão à sua disposição”, afirmou. O ex-ministro ainda elogiou a operação e chamou de “uma investigação de importância”. “Acredito que posso dar um caminho, talvez, que vá lhe dar mais um ano de trabalho, mas é um trabalho que faz bem ao Brasil”, disse.

Palocci, réu sob acusação de lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa, chegou a se reunir na última semana com a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, onde está preso desde setembro de 2016, para negociar um acordo de delação premiada.

No depoimento a Moro, ele confirmou que teve reuniões com Marcelo Odebrecht mas afirma que nunca aceitou propina ou interferiu em assuntos do BNDES, Congresso e Petrobras para ajudar a empreiteira.

Ainda disse que não tratava de detalhes das doações que as empresas davam aos candidatos do PT, apenas “reforçava” os pedidos de contribuições dos tesoureiros.

“Eu nunca operei contribuições, até porque não era minha função, se fosse eu teria feito. Mas eu nunca operei contribuições. Mas eu sempre dizia ao empresário: atenda ao tesoureiro da campanha, vê se você pode ajudá-lo, porque eles me pediam, eu não podia deixar de fazer isso”, afirmou. “Agora, evidentemente eu pedia recursos para as empresas acreditando que eles iam tratar disso da melhor maneiro possível.”

Segundo Palocci, “eles (Odebrecht) jamais me pediram uma contrapartida e jamais eu dei margem a que eles pensassem que era possível uma contrapartida vinculada a recurso de campanha”

Interferência
Palocci é acusado pelo Ministério Público Federal de ter pedido propina da Odebrecht, para ele ou para o PT, e, em troca, ter interferido em contratos e licitações com a Petrobras. O ex-ministro foi membro do conselho de administração da estatal.

Os últimos depoimentos do processo foram os de Palocci e de seu auxiliar, Branislav Konitc. Antes deles, outros 13 réus depuseram. O próximo passo deve ser a definição da sentença dos acusados pelo juiz Moro. (Com Folhapress)