PERNAMBUCO » Paulo Câmara nega ter recebido valores da JBS

Rosália Rangel
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Publicação: 23/05/2017 03:00

O governador Paulo Câmara (PSB) aproveitou ontem o anúncio da revitalização do Centro Esportivo Santos Dumont, um investimento de quase R$ 19 milhões, para se defender pessoalmente das acusações de ter recebido recursos da empresa JBS na campanha eleitoral de 2014. “Estou indignado, mas não vou baixar a cabeça. Tenho o compromisso de trabalhar por Pernambuco e vou continuar trabalhando. Sou um servidor público, vivo do meu salário e só tenho dois patrimônios: minha família e o meu nome e ninguém vai manchar”, afirmou o governador visivelmente emocionado.

Cercado por praticamente todo o secretariado e ao lado da esposa, Ana Luiza Câmara, o socialista discursou no Salão das Bandeiras, que estava lotado. “Quero aproveitar este momento, com tantos amigos e amigas, para dar uma explicação. Na verdade, dizer o que precisa ser dito a cada pernambucano, a cada pernambucana diante dos fatos que a gente tem ouvido falar desde a última sexta-feira”, afirmou.

Paulo Câmara iniciou sua defesa dizendo que sua campanha nem o PSB estadual receberam recursos da JBS. “As doações que a JBS fez foram ao PSB nacional. Está tudo registrado nas doações do PSB nacional. E essa própria pessoa (Ricardo Saud) que está fazendo a delação foi muito textual ao dizer que a doação ao PSB nacional ocorreu sem nenhuma contrapartida e sem nenhum benefício”, salientou.

O governador fez questão de ressaltar também que, na análise feitos nos documentos apresentados tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) não foram mencionados os nomes do ex-governador Eduardo Campos e do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), também citado nas delações do executivo da JBS.

Após a solenidade, em entrevista, Paulo Câmara confirmou ter conversado com representantes da JBS para tratar de doação de campanha. “Tive encontros com várias empresas doadoras de campanha. Alguns encontros resultaram em doações oficiais. Outros não. No  caso da JBS, é verdade que eu tive encontros com representantes da empresa quando solicitei doação, que não veio, que não chegou na nossa campanha. Isso fazia parte da forma de fazer campanha em 2014. Era permitido por lei e foi feito por todos os candidatos”, justificou.

Geraldo Julio, por sua vez, classificou a acusação  de “absurda e inaceitável”. Uma acusação que, conforme alertou, é desmentida no depoimento. “O  próprio acusador diz que não houve nenhuma troca de favores e, se não houve troca de favores, não tem como se falar em propina. Fizemos solicitação de recursos legais, doações conforme a lei, essas doações (citadas na delação) não foram feitas ao PSB de Pernambuco”, destacou.

Questionado sobre a defesa dos socialistas, o vice-governador Raul Henry (PMDB) disse que as explicações são “absolutamente convincentes” e, ao que parece, o governador e prefeito estão sendo vítimas de “uma indignidade”. Segundo ele, a inexistência de evidências são tão flagrantes “que sequer o procurador-geral (Rodrigo Janot) pediu a instalação de uma investigação”.