Alerta para os próximos capítulos A semana que vem promete ser de tensão para Michel Temer. Espera-se a denúncia de Rodrigo Janot e, paralelamente, haverá mais uma greve geral no país na sexta-feira

texto: Rosália Rangel
rosalia.rangel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 24/06/2017 07:30

Mesmo demonstrando tranqulidade para conviver com a crise política instalada no seu governo, o presidente Michel Temer (PMDB) enfrentará dias tensos durante a próxima semana. Além da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deverá acusá-lo de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça, o peemedebista terá que lidar com mais uma greve geral no país. O protesto será na próxima sexta-feira, enquanto a denúncia de Janot está prevista para chegar à Câmara até terça-feira.

Entre os oposicionistas, Michel Temer passou a viver na “corda bamba” depois da delação do dono da JBS, Joesley Batista. Mas mesmo diante da gravidade do caso, o presidente seguiu sua rotina normal de trabalho. Nesta semana que passou, viajou para Rússia e Noruega. Antes de embarcar, ajuizou duas ações contra Joesley Batista. Uma por danos morais e outra por calúnia, difamação, injúria e crimes contra a honra, essa última já rejeitada pelo juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos. O presidente também afagou o Congresso, a quem chamou de “parceiro fundamental”.

Um cuidado que tem a ver com o apoio que Temer precisa ter no Senado e Câmara para aprovar medidas de interesse do governo, a exemplo das reformas previdenciária e trabalhista. Mas nos próximos dias o que vai pesar mesmo está nas mãos dos deputados a quem cabe a responsabilidade de autorizar ou não a investigação contra Temer.

Na avaliação do deputado Daniel Coelho (PSDB), o governo Temer está fragilizado, mas algumas coisas podem pender mais a favor do que contra o presidente. Ele citou como exemplo da reportagem do último fim de semana da revista Época, que trouxe uma entrevista com o empresário Joesley Batista, que define Michel Temer como “o chefe da quadrilha mais perigosa do país”. “A reportagem foi exagerada. Publicou a entrevista de um bandido, deixando transparecer uma certa proteção ao PT. Isso enfraquece (a denúncia). As pessoas discordam do governo Temer, mas não querem o PT nem Lula”. Sobre a pressão de uma greve geral, Daniel entende que a mobilização também perde força por ser organizada por centrais sindicais ligadas ao PT e não de forma espontânea.

Para o presidente da CUT/PE,  a mobilização de sexta-feira será mais um ato contra a retirada dos direitos da sociedade. “As pessoas estão percebendo agora que estávamos certos, quando avisamos do golpe que queriam dar no país. Hoje, a maioria da população brasileira quer o ‘Fora Temer’. Ninguém aceita um presidente ilegítimo. E não é só isso. O povo quer eleições Diretas já”.