Diario político

Marisa Gibson

Publicação: 01/09/2017 03:00

Match point

O PMDB de Michel Temer não poderia ter feito pior com o PSB de Paulo Câmara. O senador Romero Jucá, presidente nacional do PMDB, já tem na cabeça a chapa para o partido concorrer à sucessão estadual de 2018 em Pernambuco: o senador Fernando Bezerra Coelho, para governador, e Jarbas Vasconcelos, a senador. Assim, o PMDB de Jarbas, antes visto pelos socialistas como um aliado poderoso e incômodo, é agora uma ameaça. Ainda faltam alguns acertos para se concretizar a travessia de FBC, mas o principal já foi feito, a concordância de Jarbas, que considera positivo o ingresso do senador socialista no PMDB, “porque dará musculatura ao partido, que precisa crescer”. Na conversa que teve com Jarbas, Jucá disse que o PMDB “quer e precisa que o peemedebista pernambucano retorne ao Senado”. Na sua exortação, Jucá assinalou que o partido vai ser diferente, voltará a ter o nome de origem, MDB, e mais: “Vamos tentar acabar com as divergências, vamos ter um pensamento único, e vamos trabalhar para eleger o maior número de governadores, preparando o partido para disputar a Presidência da República em 2022.” Tudo isso, no entanto, tem um preço para Jarbas. A mudança de FBC para o PMDB implicará em lhe entregar a presidência do partido em Pernambuco. Se Jarbas vai concordar com isso, não se sabe. O PMDB nacional, embora não pressione o peemedebista, o coloca numa situação difícil. “Jamais faria uma intervenção no PMDB em Pernambuco, mas não se concebe que Fernando, sendo candidato a governador não tenha a presidência do partido no estado”, disse Romero Jucá à coluna, ressaltando porém que o martelo só será batido na próxima semana. Outro ponto delicado é o fato de Raul Henry (PMDB) ser o vice de Paulo. É certo que Raul, praticamente, iniciou um desembarque do governo, quando anunciou que concorreria a um mandato de deputado federal, deixando livre a vaga da vice na chapa de Paulo em 2018, mas desembarcar mesmo é outra conversa. De qualquer maneira, Jarbas e Raul já têm uma alternativa para 2018, caso o flerte do PSB com o PT avance. À  coluna, Jarbas disse que permanece aliado de Paulo. Vamos aguardar, então.  

São Paulo
Maior interessado nessa história, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) ainda vai conversar com Márcio França (PSB), vice-governador de São Paulo, de quem os dissidentes socialistas são aliados e trabalhavam para levá-lo à presidência nacional do PSB. Esta seria, talvez, a solução para a permanência do grupo no PSB.

Diferenças
Execrado pelos socialistas, Fernando Filho (PSB) é exaltado pelo deputado Jarbas Vasconcelos, cuja admiração pelo ministro de Minas e Energia já foi explicitada publicamente diversas vezes. É uma grande promessa, disse o peemedebista.

Reforço
O movimento do PMDB nacional reforça o palanque das oposições que fez a sua pré-estreia na segunda-feira, em Caruaru, ficando em aberto que composições o grupo fará, caso se concretize a candidatura de Fernando.

Divisão
Do lado do palanque da Frente Popular, os socialistas continuam apostando na divisão da oposição. Muitos consideram que até março de 2018 muitas águas ainda vão passar por debaixo da ponte. A propósito, Fernando Filho também pode ser uma opção majoritária.

Tô fora
O ex-prefeito de Petrolina, Julio Lossio (PMDB), já está bucando entendimento com o PT. Lossio não se dá bem com o PSB nem com Fernando Bezerra Coelho e a única alternativa que lhe resta é o PT, caso os petistas não se entendam com os socialistas.

Enfim, juntos
Vale lembrar que antes da reeleição de Geraldo Julio (PSB), Jarbas e Fernando Bezerra Coelho eram o desaguadouro das queixas dos descontentes da Frente Popular com as gestões do PSB tanto no estado e na Prefeitura do Recife.

O jogo
A articulação do PMDB envolvendo o PMDB de Pernambuco confirma a fama de que é um partido de profissionais. Só joga pra ganhar. O futuro político do senador Romero Jucá, presidente nacional do PMDB, é incerto, considerando que ele foi denunciado por corrupção em processos envolvendo a Lava-Jato.