Escolha de Marun provoca chiadeira Membro da tropa de choque de Temer é escolhido para função na CPMI da JBS e reunião acaba sem votar requerimentos para convocar delatores

Publicação: 13/09/2017 03:00

Sem votar nem sequer um dos 95 requerimentos na pauta, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS encerrou, ontem, a sua segunda reunião em meio à polêmica sobre a escolha do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) como relator. Na lista de requerimentos estavam a convocação dos delatores da JBS e de convite ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Dois senadores - Ricardo Ferraço (PSBD-ES) e Otto Alencar (PSD-BA) - deixaram o colegiado após o nome de Marun ser anunciado para a relatoria. Marun é um dos principais integrantes da tropa de choque de Michel Temer no Congresso e enfrenta resistência. Parlamentares afirmam que a intenção do Planalto ao colocar o peemedebista na função é usar a CPMI para atacar os delatores da JBS e Janot. Temer é o principal alvo da delação da JBS.

Uma reunião do presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), com Temer no fim de semana também foi usada como argumento por parlamentares para qualificarem a comissão de “chapa branca”. Após negar por diversas vezes que não havia tratado do assunto com Temer, Ataídes admitiu que, embora não tenha falado sobre a CPMI com o presidente, falou com o ministro Antonio Imbassahy. “Era uma agenda que eu tinha com o ministro Imbassahy, no sábado à tarde. Na ocasião, após sair da reunião, ele me acompanhou até o carro e me perguntou como estava o andamento da CPI”, disse Ataídes.

Na reunião, o tom da maioria dos integrantes foi de críticas à delação premiada. “A atividade política está comprometida. Não se pode jogar todos na vala comum. Têm 1.800 nomes na delação. É preciso fazer a separação”, disse Izalci Lucas (PSDB-BA), autor de requerimentos para convocar os irmãos Joesley e Wesley Batista, o diretor da JBS Ricardo Saud, o ex-procurador Marcello Miller, entre outros nomes. Os requerimentos, segundo Ataídes, devem ser votados apenas na próxima reunião, prevista para a terça-feira.

SUPERSALÁRIOS
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) protocolou ontem, na Mesa do Senado Federal, um requerimento que solicita a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os supersalários pagos com dinheiro público nos três Poderes. Agora os líderes partidários precisam indicar os nomes que vão compor as vagas na comissão. Renan negou que a CPI seja uma forma de retaliação ao Ministério Público e ao Judiciário.