Base rejeita agenda pós-denúncia

Publicação: 20/10/2017 03:00

Confiantes de que a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer será rejeitada na próxima quarta-feira pelo plenário da Câmara, governo e deputados já articulam a agenda para o dia seguinte, mas divergem sobre as prioridades. Enquanto o Palácio do Planalto dá preferência para propostas que ajudam a fechar as contas públicas, a maioria impopular, parlamentares buscam impor uma agenda própria, com forte apelo na sociedade, como projetos ligados à área da segurança pública.

Líderes dos principais partidos da base descartam votar matérias consideradas impopulares a menos de um ano para as eleições de 2018, quando eles tentarão renovar seus mandatos. Citam o aumento de alíquota da contribuição previdenciária para servidores e o adiamento do reajuste do funcionalismo público.

Esses pontos devem ser tema de duas medidas provisórias (MP) que o governo pretende enviar à Câmara logo após a votação da segunda acusação formal contra o presidente - por organização criminosa e obstrução da Justiça. A aprovação da reforma da Previdência também é dada como improvável na atual legislatura, mesmo que seja um texto mais enxuto. Juntos, esses partidos contam com, pelo menos, 240 dos 513 deputados.

A pressão da base ocorre em um momento de desgaste entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Temer. Maia tem procurado se descolar do governo e adotado um discurso de que é preciso uma nova agenda para o país. Ao mesmo tempo, almeja protagonismo nas decisões econômicas. Ontem, Temer telefonou para Maia e agradeceu o empenho dele para a aprovação do projeto de lei que aumenta o poder de fogo do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para punir crimes no sistema financeiro.