Paulo cobra provas das acusações Ao comentar pela primeira vez sobre a Operação Torrentes no estado, governador disse, ontem, que "quer ver onde está o superfaturamento"

Rosália Rangel
rosalia.rangel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 14/11/2017 03:00

Ao falar ontem pela primeira vez em público sobre a Operação Torrentes, o governador Paulo Câmara (PSB) deixou claro que não vai “admitir erros” na sua gestão, caso seja provada a participação de militares em possíveis desvios de recursos das operações Reconstrução e Prontidão destinadas, respectivamente, ao atendimento das pessoas atingidas pelas enchentes de 2010 e 2017.  “Quero ver onde está o superfaturamento. Se tiver, serei o primeiro a punir. Agora, as peças que vimos não mostram claramente onde é que está o superfaturamento”, destacou o socialista com base na análise que, segundo ele, foi feita pelo governo no inquérito relativo ao caso.

Paulo Câmara aconselhou, inclusive, que os órgãos de imprensa “olhem as peças acusatórias” para observar onde está o superfaturamento dos contratos. “Mandei olhar todos (sua assessoria). Não vou admitir erro em nenhum deles. Tenho clareza de que para acusar precisa ter provas, precisa estar no inquérito e precisa estar na denúncia. E isso, infelizmente, não foi visto ainda”, alertou.

A Operação Torrentes foi deflagrada quinta-feira pela Polícia Federal e Corregedoria Geral da União (CGU). A investigação apura supostos desvios na verba de R$ 455 milhões enviados ao estado pelo governo federal para atender vítimas das enchentes. A Polícia Federal, no entanto, não informou o quanto teria sido desviado. Entre os investigados estão 11 integrantes da Polícia Militar com atuação na Casa Militar, onde os agentes federais estiveram para cumprir mandado de busca e apreensão. A presença deles nas dependências Palácio do Campo das Princesas levou o governo a chamar a ação policial de “desproporcional”.

Ontem, Paulo também falou sobre o assunto. “O inquérito mostra que todos os prédios onde funciona a Defesa Civil, onde estão documentos, não ficam no Palácio do Governo. O Poder Judiciário determinou busca e apreensão também no âmbito do gabinete do secretário (da Casa Civil), que apenas funciona no prédio do Palácio. Temos que respeitar isso, mas também não podemos achar que isso é normal”, questionou.

O socialista disse, ainda, que o governo está acompanhando o caso desde quinta-feira e o interesse é de que tudo seja esclarecido. “Temos um governo que se dedica a melhorar a vida do povo. As operações feitas nas cheias de 2010, 2011 e 2017 buscaram salvar vidas, reconstruir cidades. Então, vamos apurar tudo. Queremos a verdade. Mas temos também a consciência tranquila de que o trabalho  foi feito”. Questionado se a Operação Torrentes teria reflexo negativo no seu projeto de reeleição em 2018, o governador resumiu: “Não estou preocupado com isso. Estou preocupado com as investigações e que tudo seja esclarecido.”