Reforma já não é certa nem em 2018 Adiamento da votação da PEC da Previdência para o ano eleitoral deixou as lideranças de partidos da base com dúvidas na aprovação do texto

Publicação: 15/12/2017 03:00

Contrariando o discurso otimista do governo, lideranças de partidos da base aliada avaliam que o adiamento da votação da reforma da Previdência para fevereiro de 2018 reduz as chances de aprovação da proposta. A avaliação é de que a proximidade com as eleições de outubro do próximo ano aumenta a resistência dos parlamentares, que temem desgaste eleitoral.

Governistas acreditam que somente a propaganda a favor da reforma tem o poder de mudar esse cenário, desde que atinja o efeito esperado pelo governo de diminuir a rejeição da população e, consequentemente, dos deputados à proposta. Nesse cenário, veem ainda como determinante uma sinalização mais forte do Senado de que votará a reforma e que o texto aprovado pelos deputados não será alterado, para não ter de retornar à Câmara.

O Placar da Previdência, elaborado pelo jornal O Estado de S. Paulo, aponta que 247 deputados são contrários ao texto da reforma, mesmo depois das modificações feitas pelo governo para conseguir apoio. São necessários 308 votos para aprovar a proposta em dois turnos na Câmara, mas apenas 73 deputados se dizem a favor. Outros 193 deputados se declararam indecisos ou não quiseram abrir o voto. “Esqueça Previdência para o próximo ano. Se não consegue esse ano, imagina no próximo, que é ano eleitoral”, disse o 1º vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG). A opinião é compartilhada pelo líder do PR na Casa, deputado José Rocha (BA), que comanda o quarto maior partido da base, com 37 deputados. “Esqueça Previdência em ano eleitoral”, declarou.

Para Paulo Abi-Ackel (MG), vice-líder do PSDB na Câmara, o “ideal” teria sido votar neste ano, para aproveitar o “clima” favorável. “O parlamentar chega do recesso frio. Agora só haverá um clima igual a esse no pós-eleição”, declarou. A dificuldade é admitida até mesmo pelo líder do governo no Congresso Nacional, deputado André Moura (PSC-SE). “Deveria votar agora. É difícil votar perto da eleição”, afirmou. (Folhapress)