Apoiadores não puderam entrar para visitar Lula Justiça liberou só a entrada de familiares do ex-presidente. Advogado diz que visita tem previsão legal

Publicação: 20/04/2018 09:00

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a receber a visita de parentes na manhã de ontem na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde o dia 7. Familiares do petista entraram por volta das 9h25 no prédio da carceragem. Dois homens - um deles Fábio Luís da Silva, conhecido como Lulinha - e duas mulheres, além de uma criança, entraram pelos fundos do prédio, e passaram a pé pela entrada principal da PF, até acessar o prédio.

Esta é a segunda vez que Lula recebe familiares. O dia de visitas para o ex-presidente é diferente do dos demais presos no local, para evitar que seus parentes cruzem com familiares de seus delatores Antonio Palocci, Léo Pinheiro e Renato Duque - que podem ter visitas às quartas-feiras.

Ganhador do Nobel da Paz, o argentino Adolfo Peréz esteve no local, mas não foi autorizado a ver Lula. Conforme justificativa de decisão do Juízo da Execução Penal, a visita não ocorreu porque o pedido deve ser apreciado em momento oportuno, inviabilizando a data estipulada por Peréz. Conforme o Nobel, o encontro com Lula só poderia ocorrer nesta quinta, já que sexta ele embarca de volta para Buenos Aires.

Após reunião com o superintendente da PF, Mauricio Valeixo, Peréz deixou o prédio da instituição e visitou o acampamento pró-Lula. “Seria uma questão humanitária, de senso de justiça que me deixassem visitar Lula”, se limitou a declarar à imprensa. O teólogo Leonardo Boff também tentou integrar a comitiva de Esquivel, mas não foi autorizado a entrar pelos policiais. Segundo ele, sua intenção era dar assistência religiosa à Lula, o que seria previsto como direito do preso. “Estão operando um golpe, mas não vão conseguir, porque nenhum líder atrai tantas pessoas, como estamos vendo aqui, quanto Lula”, declarou Boff, que esperou do lado de fora.

Previsão legal

O advogado Cristiano Zanin comentou as negativas da Justiça sobre as visitas que o ex-presidente Lula receberia nesta quinta. “Os pedidos de visitas negados, principalmente do (Adolfo Peréz) Esquivel (Nobel da Paz), tinham a concordância do ex-presidente, para que ele fosse recebido na condição de amigo. Isso é uma previsão legal. Ao nosso ver, o pedido deveria ter sido deferido. Vamos ver o que aconteceu, qual o fundamento apresentado pela Justiça. Gostaríamos que prevalecesse o que está disposto na lei, de que é direito do ex-presidente ter contato com seus familiares e amigos”, declarou. (Folhapress)