Aliança entre PSB e MDB agora está sem entraves Briga judicial pelo comando da legenda no estado continua, mas para as eleições está "tudo liberado"

Rosália Rangel
rosalia.rangel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 24/05/2018 03:00

A orientação da direção nacional do MDB de liberar os diretórios estaduais para compor alianças nos estados ajudou a fortalecer a parceria do partido com o governador Paulo Câmara (PSB). Na avaliação do presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, a decisão tem a ver com o desejo da base histórica do MDB local, liderada pelo vice-governador Raul Henry (MDB), presidente da sigla, e o deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB). “Consolida também uma aliança com o PSB que começou em 2012 com Eduardo Campos e Jarbas, e que continuou com Paulo Câmara e Geraldo Julio”, observou o socialista.

Para justificar o argumento, Sileno Guedes lembrou que quando ocorreu a primeira tentativa do grupo liderado pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) de ficar com o controle do partido no estado toda a classe política “se chocou com a violência” da medida. “Essa decisão da nacional dá um certo conforto para as instâncias partidárias em seus respectivos estados”, ressaltou Sileno.

A liberação dos diretórios regionais foi anunciada na última terça-feira pelo presidente nacional da sigla, Romero Jucá. A medida contradiz a resolução divulgada pela direção executiva em 3 de abril último, na qual determinava que oito estados, incluindo Pernambuco, deveriam apresentar candidatura própria. A decisão foi interpretada como uma investida para minar o poder de Raul Henry no comando da legenda no estado.

Ontem, a reportagem procurou falar com o vice-governador, mas ele não retornou as ligações. O deputado Jarbas Vasconcelos também optou por não falar sobre o assunto, sob o argumento de que a questão do diretório de Pernambuco está judicializada e por isso não faz sentido ele comentar qualquer declaração de Romero Jucá. O senador Fernando Bezerra Coelho também não se posicionou.

O anúncio de Jucá aconteceu no mesmo dia em que o presidente Michel Temer (MDB) desistiu de disputar a reeleição e apresentou o nome do ex-ministro Henrique Meirelles como pré-candidato. Na ocasião, Temer convidou a se retirar do partido aqueles que não concordarem com a candidatura de Meirelles. Um alerta que não foi bem recebido por lideranças da sigla, a exemplo do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB/CE). “Não vou sair do partido nem ninguém me tira”, garantiu em entrevista após saber do recado do presidente. Em Pernambuco, Meirelles não terá a ajuda esperada dos correligionários. No palanque do governador Paulo Câmara, o MDB integra uma coligação que trabalha para fechar uma aliança com o PT no âmbito local e nacional.