Quebra de sigilo fiscal de Aécio é ampliada
Com a determinação do ministro Marcos Aurélio, senador terá que abrir seus dados fiscais de 2017
Publicação: 05/05/2018 03:00
Oministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, ampliou a quebra de sigilo fiscal do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para todo o ano de 2017. Marco Aurélio também determinou que sejam anexados no mesmo inquérito dados entregues pela Polícia Federal que sugerem a dissimulação de doação de campanha ao PSDB, em 2014, segundo a Procuradoria-Geral da República. As decisões foram no âmbito do inquérito que investiga se o tucano recebeu ilicitamente R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista, acionista da J&F.
A ampliação da quebra de sigilo do tucano atende a pedido da PGR. Segundo a Procuradoria, o levantamento do sigilo de Aécio de 1º de janeiro de 2014 a 18 de maio de 2017, ordenado em novembro passado, não possibilitou a coleta de informações referente a 2017. A Receita informou que é inviável extrair dados fiscais de apenas uma parte do ano, uma vez que as declarações de Imposto de Renda e documentos contábeis são anuais.
Os documentos anexados ao inquérito foram encontrados em busca e apreensão pela Polícia Federal - um HD que estava na construtora Wanmix, de propriedade de um amigo de Aécio; e extratos bancários que, para os investigadores, sugerem a dissimulação de doação de campanha.
O material mostra que em 24 de junho de 2014 a empresa Conserva de Estradas recebeu um depósito de R$ 1,5 milhão do Consórcio Cowan Conserva e, no mesmo dia, repassou a mesma quantia para o diretório nacional do PSDB. Para a PGR, a movimentação “pode indicar que esta última empresa estava dissimulando doação oficial ao PSDB em 2014 se valendo da primeira”.
amigos de aécio
Tanto a Conserva Estradas como o Consórcio Cowan Conserva pertencem à família Wanderley. O dono da Wanmix, onde foram encontrados os extratos, é Eduardo Wanderley, também integrante da família. Amigo próximo de Aécio, Eduardo é sobrinho de Saulo Wanderley, dono da Cowan.
Em abril, a Primeira Turma do Supremo tornou Aécio réu neste inquérito por corrupção passiva e obstrução da Justiça. A irmã do senador, Andrea Neves, o primo, Frederico Pacheco de Medeiros, e o ex-assessor do senador Zezé Perrella (MDB-MG), Mendherson Souza Lima, também são réus, pelo crime de corrupção passiva. Além desta investigação, Aécio é alvo de oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal.
O advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron, afirmou em nota que a defesa do senador “é a maior interessada no esclarecimento de todas as dúvidas, para que seja demonstrada a total correção de seus atos”. “O senador está convencido de que o aprofundamento das apurações provará sua inocência.”
O advogado criminalista Marcelo Leonardo, defensor de Andrea Neves, disse que a decisão pela quebra de sigilo “não é uma preocupação”. O advogado Antonio Velloso Neto, que defende Mendherson Lima, afirmou que ele “está à disposição para fornecer qualquer dado”. A defesa de Frederico Pacheco não foi localizada pela reportagem.