Meio de campo enrolado atrapalha candidatos Enquanto as alianças estaduais estão travadas, presidenciáveis não conseguem avançar nas negociações

Publicação: 19/06/2018 03:00

Durante as próximas semanas, torcedores brasileiros estarão concentrados na Copa do Mundo da Rússia. O jogo nos bastidores da política, entretanto, deve chegar a 16 de julho, quando termina o torneio, com estratégias mais claras a partir da definição das alianças estaduais. A formação das chapas dos candidatos a governadores influenciam diretamente na disputa ao Palácio do Planalto. Hoje, em uma referência futebolística, os jogadores de defesa e de meio de campo dos partidos políticos parecem perdidos, com jogo travado.

Há duas situações que levam à espera na formação dessas alianças. De um lado, a insistência do PT em lançar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como pré-candidato, preso desde 7 de abril, paralisa as negociações no campo da esquerda. Outra razão para o impasse das coligações é a pulverização de candidaturas do centro político, que não chega a um entendimento para definir um alvo para o apoio.

Entre os partidos mais cobiçados para formar alianças estaduais estão o PP e o PSB — que embora não tenham lançado um nome à frente da disputa, apresentam representantes às eleições locais e bancadas concisas no Congresso Nacional. Além dos palanques, está em jogo também o tempo de campanha de televisão, que nestas eleições está reduzido (estabelece-se o tempo de cada candidato com base no número de deputados federais eleitos em 2014).

Apesar do cenário ainda turvo, lideranças tentam se apressar. A formação das chapas para o pleito deve estar definida entre 20 de julho, quando começam as convenções partidárias, até 5 de agosto. Se as legendas não aprovarem um líder no primeiro turno, diretórios estaduais podem ficar livres para firmarem acordos próprios, o que poderia enfraquecer os partidos como unidades. Assim, caciques elaboram estratégias para oficializar essas coligações. A dificuldade está em unificar o desejo de todos os estados em prol de um único presidenciável.

Apesar do PSB apoiar o PT nas eleições desde a década de 1990, esse ano deve ser diferente: nos bastidores da legenda há divergência para qual caminho seguir. Acreditam que sair na corrida com o Lula pode manchar a imagem dos pessebistas. Por outro lado, se buscarem a neutralidade, pode enfraquecer a influência política do partido. Já se apoiar o Ciro Gomes (PDT), poderia negociar cargos nos estados, interesse comum entre as lideranças.

Com o objetivo de vencer em ao menos 10 estados, a sigla quer ainda começar 2019 com ao menos 35 parlamentares no Congresso. Entre as unidades federativas mais desejadas estão Pernambuco, com Paulo Câmara; Distrito Federal, com Rodrigo Rollemberg; Minas Gerais, com Márcio Lacerda e São Paulo, com Márcio França. Se o PDT garantir essas alianças estratégicas, o PSB fará campanha para Ciro.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, que se reuniu recentemente com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse ao Correio/Diario que as alianças ainda estão em estágio “embrionário”, no entanto, afirmou que as afinidades ideológicas com o PSB são “notórias”. Apesar disso, ainda segue dialogando com outros partidos, porque “apoio não se discute, se aceita”. (Correio Braziliense)