Capitão reformado defende interesse de ricos e jovens

Publicação: 16/10/2018 03:00

A pesquisa Ibope mostra que a maioria do eleitorado do país identifica o candidato Jair Bolsonaro como o principal representante dos interesses dos ricos, dos bancos, agricultores e dos empresários no segundo turno, enquanto Fernando Haddad é o mais associado à defesa dos pobres, dos trabalhadores e das mulheres.

O Ibope perguntou aos entrevistados “quem representa melhor os interesses” de uma série de setores. Em relação aos ricos, 65% responderam Bolsonaro, contra 22% de Haddad. Entre os eleitores que ganham mais de cinco salários mínimos, o presidenciável do PSL é visto por 70% como o representante da elite.

Já o candidato do PT lidera como defensor dos interesses dos eleitores de menor poder aquisitivo, com 48% a 37% de Bolsonaro. No segmento com até um salário mínimo de renda, o porcentual atribuído a Haddad chega a 62%.

O Ibope avaliou ainda a imagem dos candidatos como defensores dos seguintes temas: agricultura (42% Bolsonaro ante 40% de Haddad), defesa do meio ambiente (40% Bolsonaro e 39% para Haddad), aposentados (39% para Bolsonaro, 44% para Haddad) e jovens (46% Bolsonaro, ante 39% de Haddad).

Essas diferenças de imagem também se manifestam em relação à defesa dos empresários, dos bancos e dos trabalhadores. De acordo com o Ibope, Bolsonaro é considerado pela maioria um defensor dos interesses do empresariado (65%) e dos bancos (54%), enquanto seu rival é mais relacionado a pautas dos trabalhadores (47%).

O perfil de cada candidato indicado pela pesquisa vai ao encontro do resultado da votação do primeiro turno das eleições. Enquanto o capitão reformado liderou em cidades com índice de desenvolvimento mais alto, ou seja, mais ricas, o petista teve o eleitorado concentrado em municípios com IDH menor. Historicamente, o voto antipetista se concentra mais entre eleitores brancos, mais escolarizados e de renda mais alta.

Com a rejeição maior de Bolsonaro entre o eleitorado feminino, Haddad é visto pela maior parte como o principal representante dos interesses das mulheres: 48% tem essa imagem do candidato do PT, ante 37% do PSL.

Para o cientista político Jairo Pimentel, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, os números do Ibope mostram que Haddad só conseguiria vencer a eleição se retirar votos de Bolsonaro. “Mesmo se Haddad conseguisse reverter a totalidade de brancos, nulos e indecisos, Bolsonaro venceria mesmo assim. O mercado eleitoral disponível para Haddad parece ser bem pequeno. Ele tem de ir atrás mesmo é do eleitorado de Bolsonaro”, disse ele. (AE)