Caso Coaf não é do governo, afirma Hamilton Mourão

Publicação: 21/01/2019 09:00

O caso envolvendo movimentações financeiras atípicas do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz não é assunto do governo defendeu o vice-presidente, Hamilton Mourão. Ontem, o general da reserva assumiu a Presidência da República. É a primeira vez, desde a redemocratização, que um general assume o cargo. O último foi João Figueiredo, que ficou de 15 de março de 1979 a 15 de março de 1985, quando entregou o cargo ao ex-presidente José Sarney, encerrando o período da ditadura militar no país.

O vice-presidente afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que cabe ao filho do presidente Jair Bolsonaro dar as explicações devidas para o caso. Na sexta-feira, o Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que o Coaf identificou cerca de 50 operações atípicas em contas pessoais do senador eleito no total de R$ 96 mil. Para Mourão, o caso não deve ofuscar a primeira viagem internacional de Bolsonaro.

“O presidente não está tendo de se defender. Quem tem de se defender, se explicar, é o Flávio”, declarou Mourão, que fica interinamente no cargo de presidente até sexta-feira, enquanto Bolsonaro estive no Fórum Mundial em Davos, na Suíça.

“Esse não é um caso do governo, é um caso da Justiça sobre um senador eleito, que tem o sobrenome Bolsonaro. Vale a regra da expressão militar, ‘apurundaso’, que quer dizer apurar e punir, se for o caso. É isso que está valendo”.

O vice-presidente não quis responder se não era o caso de o presidente Bolsonaro “jogar os filhos aos leões” como defende alguns assessores, para evitar contaminação do seu governo por essas denúncias. Mourão citou que quando apareceu o primeiro caso, envolvendo o Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, Jair Bolsonaro já disse que este era “um problema do Flávio e não dele”. Reconheceu, no entanto, que o assunto possa “até preocupar o presidente, porque é o caso com um filho dele”, mas insistiu que este “não é problema do governo”.

No Planalto, há um grande incômodo com a repercussão do caso. Pessoas próximas ao presidente avaliam que o governo pode ser contaminado, mesmo que o discurso oficial do vice-presidente e de todos os integrantes do primeiro escalão diga o contrário. Assessores ouvidos pela reportagem reconhecem que não só entre os militares, mas também entre civis, particularmente os ligados ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, o desconforto é grande. Parte desse grupo avalia que, assim com o “pessoal da caserna”, emprestou o seu prestígio e credibilidade ao novo governo. (Agência Estado)