Placa para diminuir busca em loja

Publicação: 19/01/2019 03:00

De tanto informar repetidas vezes - desde que foi assinado o decreto do presidente Jair Bolsonaro (PSL) flexibilizando a posse de arma no país -  que naquela loja não vendia aquele tipo de equipamento, o vendedor da Cruzador dos Mares, no Centro do Recife, Alexandre de Oliveira, decidiu poupar a voz. Fez um cartaz com letras garrafais com a frase “Não vendemos arma de fogo”.

O estabelecimento na Rua 1º de Março vende produtos de mergulho, pesca, camping e material esportivo. A exibição nas vitrines de alguns equipamentos tem levado muitos clientes a se confundirem pensando que são armas. “Desde segunda-feira (15) o pessoal pergunta se vendemos arma de fogo. A procura é grande. Então decidi colocar uma placa”, explicou Alexandre.

Na Loja Atacado da Pesca, na Rua do Imperador, o vendedor informou que mesmo antes do decreto presidencial as pessoas já vinham procurando, mas que agora a busca duplicou. “Elas perguntam se vendem, se oferecemos cursos de tiros. A gente indica os locais para fazer o curso”, explicou o vendedor. Na Senhora das Armas, na Boa Vista, a proprietária Priscilla Stephanie conta que o telefone não para de tocar e que nesse curto espaço de tempo as pessoas vem acessando com frequência as redes sociais da empresa. “Recebi 151 mensagens no meu WhatsApp. As pessoas perguntam o que mudou com o decreto, se a partir de agora podem comprar uma arma de fogo e em quanto tempo o processo será concluído. Se toda procura for revertida em vendas vai ser maravilhoso”, brincou.

Priscilla conta que o decreto presidencial gerou uma expectativa grande na população e a propaganda na mídia ajudou a ampliar da procura, mas que para os lojistas não teve muita diferença. De acordo com ela, a documentação e as exigências para conseguir a posse são praticamente as mesmas. “As pessoas precisam mostrar documentos, mostrar aptidão. Os clientes pensam que é só fazer um curso de tiro. Tem que fazer uma prova escrita, outra prática. São muitos critérios. As pessoas têm a visão equivocada de que todo mundo vai ter arma”, disse. Ela revela que a venda só não será maior por conta do alto custo. Os preços variam de R$ 3 mil a R$ 30 mil, sem contar com taxas para uso de armas.