Adiamento não seria uma novidade

Publicação: 30/05/2020 03:00

A perspectiva de adiamento das eleições por conta da pandemia de Covid-19 relembra outros momentos da história recente do Brasi, quando houve suspensão ou adiamento de pleitos. De acordo com o historiador Américo Oscar Freire, professor da Fundação Getulio Vargas, o nosso país apresenta um histórico de instabilidades políticas, mas as eleições se mantêm com “certa regularidade”, apesar disso.

“A última vez que isso ocorreu foi no governo do general João Baptista Figueiredo, nas eleições municipais de 1980, que foram adiadas dois anos. Houve eleições gerais em 1982, que reuniram tanto municipais como estaduais”, conta Freire. Segundo o professor, esse adiamento ocorreu por conta do processo de anistia política, iniciado em 1979, que culminou na criação de novos partidos no país.

“O sistema político estava se ordenando novamente naquele momento e aí achou-se por bem, o governo militar e as elites políticas - que não se manifestaram de forma tão frontalmente contrária à medida -, adiar esse pleito”, explica.

“Antes, só existiam dois partidos, a Arena (Aliança Renovadora Nacional), que era a agremiação favorável ao regime militar, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Com a reformulação partidária vão ser criadas algumas novas legendas. Naquele momento, o fortalecimento da oposição ao regime militar ainda vigente preocupou os generais, que adiaram as eleições municipais para tentar arrefecer os oposicionistas”, lembra.

No país

Eleições adiadas


  • No Estado Novo (1938 a 1945), não houxve eleições

  • No regime militar, eleições diretas para presidente ficaram suspensas

  • Em 1980, houve um adiamento das eleições municipais para 1982, devido ao processo de anistia política iniciado em 1979