Alcolumbre nega agir com abuso de poder Presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado alega sofrer pressão para pautar a sabatina do ex-advogado-geral da União André Mendonça

Ingrid Soares e Luana Patriolino
do Correio Braziliense

Publicação: 14/10/2021 03:00

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), divulgou uma nota se defendendo das acusações de “abuso de poder” e da pressão por não pautar a sabatina do ex-advogado-geral da União André Mendonça, indicado há três meses pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
 
“Jamais condicionei ou subordinei o exercício do mandato a qualquer troca de favores políticos”, disse o senador por meio de declaração. E reiterou: “Reafirmo que não aceitarei ser ameaçado, intimidado, perseguido ou chantageado”.
 
O parlamentar também afirmou que tem sido atacado politicamente e pessoalmente. “Tenho sofrido agressões de toda ordem. Agridem minha religião, acusam-me de intolerância religiosa, atacam minha família, acusam-me de interesses pessoais fantasiosos”, disse. “Querem transformar a legítima autonomia do presidente da CCJ em ato político e guerra religiosa”, afirmou.
 
A indicação de um presidente ao STF nunca demorou tanto tempo para ser avaliada pelo Senado. Há três meses, André Mendonça foi escolhido por Jair Bolsonaro para ser o seu ministro “terrivelmente evangélico” na Corte. A demora inédita fez com que o presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre, começasse a ser pressionado por seus pares para marcar a data da sabatina — processo necessário para que o nome almejado pelo chefe do Executivo assuma o posto.
 
Apesar da demora, Mendonça não dá sinais de que vai desistir. Recentemente, chegou a fazer uma espécie de campanha dentro do Senado, passando de gabinete em gabinete para convencer os parlamentares a pautarem a apreciação dos senadores. Ele precisará da maioria (41) dos votos dos 81 senadores para se tornar apto a ocupar o cargo.

Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que Davi Alcolumbre (DEM-AP) “age fora das quatro linhas da Constituição” por travar a sabatina de seu indicado. “Eu ainda aguardo a sabatina do André Mendonça no Senado Federal. Ele [Davi Alcolumbre] age fora das quatro linhas da Constituição”, disse o chefe do Executivo à CNN Brasil. Mais cedo, em Miracatu, Bolsonaro repetiu defesa à indicação de Mendonça para ocupar a cadeira do ministro Marco Aurélio Mello na Corte.
 
“Se Eldorado (SP) tem um presidente, se Deus quiser, brevemente, Miracatu terá um ministro do STF. À família de Miracatu, à família de André Mendonça, meus cumprimentos por esse homem extremamente capaz e inteligente. E dentro dos meus compromissos, um evangélico para o STF”, disse.