Gleisi: apoio de aliados ao PL da anistia é "absurdo" Segundo a ministra, os 146 deputados federais da base do governo Lula que assinaram o pedido de urgência do projeto entraram em "profunda contradição"

Publicação: 16/04/2025 03:00

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann (PT), disse ontem que o apoio de parlamentares que integram partidos da base do governo ao projeto de lei que anistia presos pelos ataques de 8 de Janeiro é “absurdo” e uma “profunda contradição”. “É um absurdo apoiar urgência para esse projeto sendo da base do governo, trata-se de uma grave afronta ao Judiciário e à própria democracia. Urgência é preciso para projetos que beneficiam o povo brasileiro, não para proporcionar golpe continuado”, disse a ministra ao G1.

Ela afirmou que o governo não está em uma “operação de retaliação”, mas que quer mostrar “a gravidade política, jurídica e institucional que significa apoiar este projeto”. Mais da metade (56%) das assinaturas que viabilizaram o pedido de urgência veio de membros do União Brasil, Progressistas, Republicanos, PSD e MDB, partidos que têm integrantes chefiando ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foram 146 das 262 assinaturas recolhidas e consideradas válidas.

Ao Estadão, Gleisi avaliou que da forma como o projeto da anistia foi apresentado, o perdão se estende a crimes dos quais são acusados Bolsonaro e aliados denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele tem efeito retroativo a 30 de outubro de 2022, quando houve o segundo turno das eleições.

A ministra também disse acreditar na palavra de Hugo Motta (Republicanos-PB) presidente da Câmara dos Deputados, de que o projeto não será pautado. Motta busca um acordo costurado entre os Poderes como como solução alternativa para o impasse. Ontem, o deputado defendeu que é o colégio de líderes que define as votações do plenário. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)