Publicação: 19/05/2014 03:00
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A dupla formada por Rivaldo e Ronaldo foi decisiva para a conquista do pentacampeonato brasileiro |
Ronaldo Luís Nazário de Lima. No início, Ronaldinho. Depois, virou Fenômeno, uma palavra que define mais do que a sua característica como jogador. Fenomenal foi, também, sua trajetória. Estreou como profissional aos 16 anos e aos 17 já estava na Europa e tinha ido à primeira Copa do Mundo. Foi apenas o início de uma história repleta de conquistas, tristezas e reviravoltas. Que teve na Copa de 2002 um momento especial. Um reencontro com a alegria de jogar futebol.
Ronaldo havia sido feliz em 1996 e 1997, quando conquistou o prêmio de melhor do mundo. Mas teve que enfrentar uma série de momentos tristes em seguida. O sorriso largo voltaria ao rosto do atacante cinco anos mais tarde. Em 2002, foi eleito novamente o melhor do mundo. Foram dois momentos distintos na vida e na carreira do jogador. Sem nunca, porém, perder a genialidade.
Em 1996, Ronaldo era um atacante rápido, de dribles curtos e finalização certeira. Teve como principal retrato um golaço marcado pelo Barcelona, diante do Compostela. Em 2002, mais forte e experiente, tornou-se um centroavante cirúrgico, sem a velocidade de antes, mas ainda com uma habilidade apurada. Os oito gols que o levaram a ser artilheiro da Copa do Japão e da Coreia mostraram bem isso.
O ano de 2002 marcou o primeiro ressurgimento do craque. Os anos anteriores haviam sido cruéis. Do episódio da convulsão horas antes da final contra a França às duas lesões de joelho seguidas, em 1999 e 2000. Só voltou a jogar em agosto de 2001. Apesar do mau momento na Inter de Milão, teve a confiança de Felipão na Seleção, retribuída com um Mundial perfeito, sendo decisivo para o pentacampeonato.
RecordeRonaldo marcou oito gols na Copa sendo dois na final
A despedida da Seleção foi com o recorde de gols em Copas (15 no total), em 2006, na Alemanha, mas com um gosto de decepção pela derrota para a França. Era o fim da história do atacante com a camisa amarela (embora a despedida oficial tenha sido em um amistoso, anos depois). A carreira seguiu nos clubes. Defendia o Milan quando sofreu a terceira lesão. Era o fim, também, da trajetória na Europa.
As linhas finais da história de Ronaldo no futebol foram escritas no Brasil e já mostravam uma outra face dele: um misto entre atleta e empresário. Embora tenha chegado a treinar no Flamengo, acertou com o Corinthians, numa milionária jogada de marketing. Atuou em três temporadas, com direito a privilégios, lesões e lampejos do craque que fora um dia. Falhou na busca da Libertadores. Seu último jogo foi pelo torneio e marcou a eliminação do Timão, ainda na fase preliminar. Depois de ser Fenômeno e Ronaldinho, agora, voltava a ser Ronaldo Nazário.
Linha do tempo
1976
Nasce Ronaldo Nazário de Lima, no Rio de Janeiro, onde passou a infância
1990
Aos 14 anos, firmou contrato com dois empresários, que o ofereceram a clubes como São Paulo e Botafogo, que não se interessaram em adquirir o passe do garoto
1993
Após atuar pelo São Cristóvão-RJ, foi levado pelo ex-jogador Jairzinho para o Cruzeiro
1993
Aos 16 anos, estreia como profissional pelo Cruzeiro, clube onde se destacaria nos dois próximos anos. No Brasileiro daquele ano, marcou 12 gols em 14 partidas disputadas
1994
No início da temporada, se transfere para o PSV, da Holanda, que pagou US$ 6 milhões ao Cruzeiro. Nesse mesmo ano, foi convocado por Carlos Alberto Parreira para a Copa do Mundo dos Estados, mas não foi acionado em nenhum jogo
1996
Por US$ 20 milhões é contratado pelo Barcelona, onde marcaria época, apesar de passar apenas uma temporada no time catalão. Foram 34 gols em 37 jogos. No final deste ano, Ronaldo seria eleito pela primeira vez melhor jogador do mundo
1997
Causou surpresa o anúncio da contratação do atacante pela Internazionale, por US$ 28 milhões. Em campo, Ronaldo correspondeu ao investimento e, no final do ano, recebeu pela segunda vez o prêmio de melhor do mundo, ganhando da imprensa italiano o apelido de “Fenômeno”
1997
Formou a famosa dupla Ro-Ro, ao lado de Romário. Juntos, naquele ano, os dois conquistaram a Copa América e a Copa das Confederações,
1998
O anúncio de que Edmundo seria titular na final da Copa contra a França surpreendeu o mundo e abalou o Brasil. Ronaldo havia “passado mal” na concentração. O atacante acabou indo a campo, mas pouco acrescentou. Algum tempo depois, surgiu a versão da convulsão sofrida por ele
1999
Contra a Lecce, Ronaldo sofre a primeira contusão séria no joelho. A recuperação demora cinco meses. Nesse mesmo ano, o atacante se casou com Milene Rodrigues, com quem teve Ronald, seu primeiro filho
2000
A ansiedade do retorno de Ronaldo aos campos virou frustração em pouquíssimo tempo. Ele entra num jogo contra a Lazio, pela Copa da Itália, e ao tentar pedalar, rompe o tendão do joelho direito. A frustração foi enorme
2001
Ronaldo retorna no final do ano aos gramados, mas o relacionamento com o técnico argentino Héctor Cúper, da Inter de Milão, não era bom e ele não foi muito utilizado
2002
A volta por cima do Fenômeno, com oito gols na Copa do Mundo e a conquista do seu segundo título mundial. Não foi o melhor jogador da Copa – que ficou com o alemão Oliver Kahn -, mas foi escolhido o melhor do mundo no final do ano
2002
Tornou um galáctico do Real Madrid, junto com Zidane e Beckham, clube que defendeu por surpreendentes cinco temporadas
2005
Após um ano de namoro, casou com Daniella Cicarelli, com direito a cerimônia num castelo na França. Três meses depois, se separaram
2006
O peso de Ronaldo e Adriano foi um dos assuntos mais comentados na Seleção que foi à Copa da Alemanha. Acalmou as polêmicas com três gols que o fizeram o maior artilheiro em copas do mundo. Sofreu com a eliminação para a França
2007
Deixou o Real Madrid já sob questionamentos. Retornou a Milão, agora para defender o Milan, onde fez dupla com Kaká.
2008
Viveu uma das maiores polêmicas da sua vida extracampo: foi a um motel com três travestis e acabou acusado de não pagar. Teve que ir à delegacia prestar depoimento
2009
No final do ano anterior, apesar de ter treinado no Flamengo, foi anunciado pelo Corinthians, estreando em março, na Copa do Brasil, competição da qual foi campeão pelo Timão
2011
Anunciou a aposentadoria após a eliminação do Corinthians na fase pré-Libertadores. Há muito tempo brigava contra o peso e já não suportava mais as concentrações, regimes e treinos. Em junho, um amistos contra a Romênia, no Pacaembu, marcou a sua despedida