Ficaram as boas lembranças Dez anos após ser derrubado por um torcedor e perder o ouro nos Jogos de Atenas-2004, Vanderlei Cordeiro de Lima prefere exaltar a medalha de bronze

Publicação: 31/08/2014 03:00

 (WANDER ROBERTO/COB/DIVULGAÇÃO)
Eram quase 160 metros de vantagem para o 2º colocado. Na passagem pelo quilômetro 36,5 da maratona da Olimpíada de Atenas, em 29 de agosto de 2004, o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima nem aparecia no campo de visão dos dois adversários mais próximos. Conseguir o inédito ouro para o país era uma questão de tempo. Tempo esse que foi interrompido pelo desvario do ex-padre irlandês Cornelius Horan, que derrubou o brasileiro no chão. O ouro foi parar no pescoço do italiano Stefano Boldini, mas a honra foi toda de Vanderlei, que na última sexta-feira brindou os dez anos da conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Grécia.

As lembranças daquele dia são muitas. A maioria, felizes. “Só lembro de querer concluir o percurso. Queria a minha medalha. Inesquecível o que o atletismo me proporcionou”, contou o ex-atleta  ao Superesportes. Ao longo desses dez anos, Vanderlei só não nutre nenhuma vontade de ficar frente a frente com o (ir)responsável pelo desatino que lhe tirou o ouro. “Não tenho a menor curiosidade de conhecê-lo. Não guardo mágoa, nem rancor, mas não existe essa possibilidade. Acho que nem deveriam dar muito espaço para a atitude daquele maluco”.

Hoje com 45 anos, Vanderlei não tem tanta pressa, mas a sua vida continua em ritmo acelerado. “Se alguém quiser se esconder de mim é só ir na minha casa. São tantos os compromissos que fica difícil parar em Maringá-PR. Minha vida sempre foi assim. Quando minha filha caçula nasceu, só fui conhecê-la cinco dias depois. Estava no mundo, competindo”, relembra o medalhista, marido de Cleonice e pai da psicóloga Any Caroline, 23, e da estudante de arquitetura Thayná, 20.

“As duas até se envolveram com esportes na época do colégio, mas depois só passaram a correr de mim (risos). Botei as duas para estudar”, orgulha-se o filho da pernambucana de Afogados da Ingazeira Aurora Maria da Conceição de Lima. “Minha mãe veio morar perto de mim. A maior distância para meus irmãos é de 150 metros, fácil de fazer essa distância. Só tenho uma irmã que está meio desgarrada, em Rondônia”, brincou.

Principais títulos

1994
Maratona de Reims-França

1995
Sul-Americano de Cross
Country, Cali-Colômbia, 1995

1996
Maratona de Tóquio

1999
Jogos Pan-Americanos de Winnipeg (ouro)

2003
Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo (ouro)

2004
Maratona de Hamburgo

O bronze

2004
Jogos Olímpicos de Atenas