MP-RJ cobra explicações

Publicação: 11/02/2019 03:00

O Ministério Público (MP) do Estado do Rio de Janeiro convocou dirigentes do Flamengo e representantes de órgãos do Estado e da Prefeitura do Rio para buscar ações “imediatas” para a tragédia que causou a morte de dez jogadores da base e deixou outros três feridos. O encontro será realizado na tarde de hoje, na sede do MP, no centro do Rio de Janeiro. Os promotores querem saber o que o clube está fazendo para auxiliar os familiares das vítimas e entender quais seriam as irregularidades no CT do clube carioca apontadas por órgãos públicos. No domingo, no fim da tarde, o Flamengo emitiu nota em que procura se isentar de culpa no incêndio que consumiu os contêineres onde dormiam os garotos no momento da tragédia.

O encontro na sede do Ministério Público reunirá também representantes do MP do Trabalho - que já abriu investigação sobre o incêndio -, da Defensoria Pública do Estado, da Secretaria de Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da Prefeitura do Rio. Nesse primeiro momento, a intenção não é apontar culpados pela tragédia, mas sim esclarecer o que de fato estava regular e o que não estava. Desde sexta-feira, órgãos de fiscalização e clube têm feito uma espécie de jogo de empurra. É sabido que o Flamengo não tinha o Certificado de Aprovação emitido pelo Corpo de Bombeiros e que o clube já havia sido autuado 31 vezes pela Prefeitura do Rio por irregularidades em seu CT. O Flamengo, por sua vez, alega que possui oito de nove licenças exigidas e que estava em processo de obter a que faltava.

Dirigentes e executivos do clube não têm concedido entrevistas desde que a tragédia aconteceu. O presidente, Rodolfo Landim, fez um breve pronunciamento na sexta e não deu mais nenhuma declaração. Já o CEO, Reinaldo Belotti, falou por cerca de 15 minutos no sábado e saiu sem responder perguntas. Em seu pronunciamento, Belotti defendera os alojamentos e informara que as instalações eram certificadas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. No domingo, contudo, a Prefeitura do Rio contestou a declaração. “É infundada por não estar dentro das atribuições do órgão”, comentou, em nota. “Qualquer declaração contrária carece de provas documentais e/ou testemunhais.”

O clube rubro-negro tem se manifestado apenas por intermédio de comunicados genéricos. No domingo, o Flamengo emitiu nota em que se isenta de responsabilidades pelo incêndio. O comunicado informa que o clube carioca tem contrato de locação dos alojamentos com a empresa NHJ do Brasil, “que é reconhecida como pioneira e uma das líderes do mercado”. Segundo o clube, representantes da NHJ estiveram na Gávea pela manhã e “esclareceram que o poliuretano (uma espécie de espuma) utilizado entre as chapas metálicas (que serviam de parede nos contêineres) não é propagador de incêndios, por ter característica auto-extinguível”.

No que diz respeito ao tratamento dispensado aos familiares das vítimas, o Flamengo informou que “independentemente de qualquer investigação, vem prestando todo o amparo.”