O tablet de toda a família Equipamentos distribuídos para alunos da rede estadual melhoram acesso à informação em seus lares

Publicação: 07/09/2012 03:00

André, 44 anos, descobriu no tablet da filha que podia checar as contas do banco, de água e de luz à distância. Valéria, 41, esposa dele, viu no equipamento a oportunidade de tirar dúvidas sobre bulas de remédio e ler as lições da escola bíblica, quando a filha não está fazendo pesquisas escolares. Há quase dois meses essa é a rotina na casa de Amanda Oliveira Figueiredo Nogueira, 17, que recebeu o computador por cursar o terceiro ano do ensino médio da rede estadual. “O acesso à internet ficou mais fácil na minha casa depois de eu receber o tablet”, disse Amanda. Não apenas facilitou o acesso, como tem mudado comportamentos dos pais, fenômeno que estudantes e professores começaram a perceber.
Entre os motivos dessas mudanças, acreditam André e Valéria, está a facilidade de se deslocar com o equipamento. “Onde a gente estiver pode ligá-lo e ver qualquer coisa”, comentou o segurança. Isso é indiscutível. Mas também conta a questão financeira. Muitas famílias nunca puderam comprar um computador. Outros lares, como o de Amanda, em Nova Descoberta (Recife), possuíam um equipamento usado prioritariamente para estudos dos filhos. Amanda, matriculada na escola Ageu Magalhães, em Casa Amarela, tem um irmão universitário e, com a demanda dos estudantes, restaria pouco tempo para os pais usarem um computador de mesa.
Na casa de Dayana Mendes de Oliveira, 17, em Olinda,“tinha e não tinha” computador. O equipamento está quebrado há semanas e o tablet tornou-se a única porta para o mundo virtual. “Dá para estudar e minha mãe olhar as coisas que gosta”, afirmou. A mãe de Dayana, a funcionária pública Marleide Mendes Correia, costuma navegar por páginas de instituições de ensino em busca de cursos, e por sites noticiosos. “As coisas são mais fáceis”, disse Marleide. Quando perde-se nos caminhos eletrônicos, pede ajuda à filha, aluna da Escola Luiz Delgado, no Centro do Recife.
Os reflexos do que acontece nas casas dos alunos aos poucos vão sendo percebidos pelos professsores e gestores de escolas. “Notamos, desde o momento da entrega dos tablets, um espírito de partilha entre pais e filhos”, contou a diretora da Escola Ageu Magalhães, Maria Antônia de Freitas Lima. A rotina na casa de Camila Medeiros, 16, comprova isso. Desde que recebeu o tablet, a estudante reveza o uso do equipamento com a mãe, a costureira Ana Cláudia Sousa Gomes, 40. “Se não estou estudando e ela precisa, deixo que uso”. Entre os acessos à internet, Ana Cláudia descobriu ser possível divulgar o ateliê. Criou uma conta em um site de busca, o que permitiu divulgar o endereço do negócio com mapas. A propaganda levou os clientes a localizarem com mais falcilidade o negócio, na Encruzilhada, e encheu Camila de orgulho. Até agora, 58 mil alunos do segundo e do terceiro anos do ensino médio receberam tablets em Pernambuco.