Os frades capuchinhos decidiram acelerar as medidas relativas ao processo de canonização de Dom Vital. Iniciadas há 72 anos, as ações alcançaram apenas a quarta de sete etapas para tornar alguém santo, segundo as regras do Vaticano. Trata-se da elaboração da Positio, uma biografia documentada do sacerdote pernambucano, que nasceu e morreu no século 19. A meta é remeter o documento, assim como o referente ao proceso de Frei Damião, à Santa Sé até meados de 2015, o que possibilitaria a beatificação em 2017, quando o papa Francisco prometeu retornar ao Brasil, por ocasião dos 300 anos da descoberta da estátua de Nossa Senhora de Aparecida.

“A Positio tem um peso de defesa do candidato a santo. É a partir do documento que as comissões de teólogos e bispos votam, favoráveis ou não, pela beatificação”, explicou frei Jociel Gomes, vice-postulador dos processos de Dom Vital e Frei Damião. O resultado das votações são encaminhados para o pontífice, que, em caso positivo, autoriza a abertura da etapa para se verificar se houve um milagre. Existem relatos de graças alcançadas por fiéis com a intercessão de Dom Vital. O desafio nessa etapa é provar que a cura, sem explicação científica, ocorreu por intervenção divina.

Nascido em 1844, Dom Vital também teria em favor de sua beatificação a possibilidade de morte em decorrência de perseguição política. Isso caracterizaria o martírio, hipótese que ganharia força se comprovada a suspeita de pesquisadores de que ele tenha sido envenenado. Para isso, os capuchinhos entendem que o restos mortais dele, sepultados na Basílica da Penha, Recife, possam ser exumados. Dom Vital morreu em 1878. Quatro anos antes, foi condenado há quatro anos de prisão. Recebeu anistia de Dom Pedro II.

A Positio sobre sua vida e virtudes será fundamentada em documentos. A expectativa é que a biografia do ex-bispo, reconhecido como Servo do Senhor pelo Vaticano, ultrapasse 200 páginas. Na primeira parte, a Positio apresenta os testemunhos sobre a vida do bispo. A segunda será para a comprovação da prática de virtudes - fé, esperança, caridade e justiça, por exemplo - e a conclusão do apresentado. Pronto, o documento segue para Roma. (Jailson da Paz)

Saiba mais

Honras concedidas pela Igreja ao santo

- Inscrição do nome na Lista dos Santos e o direito a receber veneração pública.

- Invocação com orações públicas da Igreja.

- Dedicação de templos em sua memória.

- Celebração da missa e do ofício dos santos.

- Fixação do dia da sua festa no ano litúrgico.

- Representação do santo em fotografia, pintura e estátua

- Veneração pública das suas relíquias.

Passos para a canonização

1. A arquidiocese produz uma espécie de inscrição com a biografia do candidato a beato e santo para o Vaticano.

2. Se a solicitação da arquidiocese for a aceita, o Vaticano emite o Nihil obstat, documento que avaliza a abertura do processo de beatificação.

3. A arquidiocese forma um tribunal eclesiástico para determinar se o candidato apresenta as virtudes de um santo.

4. Um segundo documento é enviado à Santa Sé com a história do candidato fundamentada em documentos e pesquisas históricas.

5. Se comprovadas as virtudes, Roma autoriza a fase do milagre, quando é preciso constatar a intervenção divina em uma cura sem explicação científica.

6. As provas do milagre são levadas ao Vaticano. Comprovando-se o milagre, o papa beatifica o candidato.

7. Para tornar o beato em santo, ou seja a canonização, exige-se a comprovação de um segundo milagre.