Greve dos rodoviários segue hoje Categoria decidiu manter movimento, pelo menos até a negociação marcada para a tarde na sede do TRT. Ontem, houve filas e tumulto

Publicação: 29/07/2014 03:00

Ônibus foi incendiado no Barro, um dos focos de tensão no primeiro dia da greve. Na Macaxeira, usuários se atrasaram (PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS)
Ônibus foi incendiado no Barro, um dos focos de tensão no primeiro dia da greve. Na Macaxeira, usuários se atrasaram
O Sindicato dos Rodoviários da Região Metropolitana do Recife resolveu manter a greve dos motoristas, cobradores e fiscais do sistema de transporte de passageiros da RMR. Com a decisão, a população vive mais um dia de incertezas em relação ao transporte coletivo da cidade, após tumultos e muito transtorno ontem.

Para tentar agilizar o fim do movimento grevista, às 16h de hoje será aberta a primeira rodada de negociação, após o início da greve, na sede do Tribunal Regional do Trabalho 6ª Região, entre rodoviários e Sindicato das Empresas de Ônibus (Urbana-PE).

Apesar dos 57% da frota em operação, segundo a Urbana-PE, a categoria trabalhista disse que não houve ilegalidade no primeiro dia de greve. Segundo o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Benilson Custódio, os trabalhadores que chegaram às garagens ainda de madrugada foram dispensados pelas empresas de ônibus, que já haviam contratado prestadores de serviço para garantir a saída de toda a frota.
“Orientamos os funcionários a respeitar a liminar. Quem foi impedido de trabalhar assinou em ata a dispensa e temos gravações das saídas das frotas com os prestadores.”

Enquanto aumentava o impasse, filas se formavam em paradas de ônibus e nos terminais integrados. Em algumas vias importantes, motoristas estacionaram os veículos enfileirados, gerando congestionamento. Um ônibus foi incendiado e três depredados. Um homem chegou a ser detido pela polícia, mas liberado no início da noite.

Para evitar o esvaziamento da greve nos próximos dias por causa da liminar, o sindicato dos rodoviários entrou com um embargo de declaração contra a sentença do TRT-6. O jurídico da categoria alegou imprecisões e contradições. “A liminar diz que 100% da frota estejam nas ruas. Mas o que são 100%, se em dias normais não saem todos os carros para as ruas nos horários de pico?”, questionou a advogada Maria Rita Albuquerque. Ela argumentou que a carência de transporte público da cidade não pode ser justificativa de uma sentença que esvazie a greve. “O sucateamento do serviço não pode ser colocado na conta do trabalhador”, afirmou.

Com a instalação do dissídio coletivo pelo TRT-6, trabalhadores e patronato poderão chegar a acordo sobre o reajuste ainda hoje. Caso não haja consenso, o vice-presidente do TRT-6, o desembargador Pedro Paulo Pereira Nóbrega, marcará nova audiência para determinar o percentual de reajuste, a ser acatado obrigatoriamente pela categoria, pondo fim à greve.