Projeto visa mais espaço ao pedestre Proposta criada pela Unicap prevê alargamento das calçadas, sem corte de árvores, na Rua do Príncipe. Execução deve começar neste semestre

Thamires Oliveira
Especial para o Diario
Local.pe@dabr.com.br

Publicação: 31/08/2016 03:00

Objetivo é aumentar a segurança em uma das vias mais movimentadas da região (Renata Luz/ Esp. DP)
Objetivo é aumentar a segurança em uma das vias mais movimentadas da região

A Rua do Príncipe, na Boa Vista, recebe grande fluxo diário de pedestres. Em uma região que tem uma universidade, escolas e comércio, quem anda a pé deveria ter prioridade. Na prática, calçadas estreitas e irregulares, a presença de fiteiros e poucas faixas de pedestre dificultam a circulação. Para mudar essa realidade, a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), por meio do Plano Centro Cidadão, desenvolveu um projeto de mobilidade para a rua. Sem corte de nenhuma árvore, a proposta prevê o alargamento das calçadas, inclusão de faixas de pedestres e ciclofaixa.

A iniciativa, que conta com a parceria da Prefeitura do Recife, está em fase de desenvolvimento do projeto executivo e deve virar realidade neste semestre. A proposta visa o alargamento das calçadas ao longo de toda a via e a criação de uma baia de pedestres na área da parada de ônibus localizada em frente ao Liceu de Artes e Ofícios, com 11 metros de calçada. A intenção é garantir a permanência das pessoas de forma tranquila e sem aglomeração. Os quatro fiteiros ao longo da via também seriam redimensionados e transferidos para essa área.

“Muitas linhas de ônibus trafegam ali e a calçada não comporta o fluxo de pedestres”, explica Paula Maciel, coordenadora do curso de arquitetura e uma das responsáveis pelo projeto.

Para alargar a calçada, o projeto propõe a diminuição de algumas vagas do estacionamento do Liceu, o que não prejudicaria o fluxo de carros. “O prédio onde funciona o Liceu é dos Jesuítas, mesma ordem da qual a Unicap faz parte. A proposta deles é melhorar as condições do entorno dos dois prédios. E a gente acredita que dá para ser feito em várias áreas de toda a cidade”, frisa.  

Outra mudança será o aumento de faixas de pedestre e a transferência do semáforo para a esquina da Rua Afonso Pena, local onde as pessoas atravessam correndo, pois não há faixa, e a criação de uma ciclofaixa em sentido único. “Há um desnível de um metro dos dois lados. Um trecho de via está praticamente perdido devido ao modo como foi construído. Com um pouco mais que isso, temos uma ciclofaixa”, detalha Paula Maciel. A área, que hoje tem velocidade máxima de 40 km/h, passaria por uma redução para 30 km/h.

A professora de arquitetura da Unicap Andréa Câmara, que também integra a iniciativa, acrescenta que esse poderá ser o ponto de partida para a aplicação de projetos semelhantes em outras vias.

Nas calçadas do Liceu, poucas pessoas trafegam, pois os pedestres preferem atravessar e andar no passeio do outro lado. Isso porque, além de estreita, em alguns trechos da calçada fiteiros tomam a metade do espaço e árvores chegam a ocupar quase todo o passeio, que não tem acessibilidade e é irregular. Júlia Oliveira, 21 anos, estudante de direito, passa na Rua do Príncipe todos os dias para ir à universidade. A maior dificuldade é transitar nas calçadas. “Às vezes se aglomera gente querendo atravessar, e em alguns trechos, duas pessoas tentam passar na calçada e não dá. Ou um ou outro. A gente sente muita dificuldade”, afirma a estudante.

O arquiteto Lucas Martins, 26 anos, também utiliza a via como trajeto diário e lamenta a falta de mobilidade. “Quando a rua foi planejada, não se pensou na vegetação, mas há muitas árvores. É preciso alargar as calçadas. Mas o maior problema é o aval de todas as instituições em ceder espaço para isso”, ressalta.