Vandalismo reduz mobilidade e aumenta custos no metrô Dos 19 elevadores, cinco estão funcionando. Das 25 escadas rolantes, seis estão ativas. CBTU gastará R$ 900 mil em reparos

MARIANA FABRÍCIO
marianafabricio.pe@dabr.com.br

Publicação: 23/08/2016 03:00

Paulo sobe escadas convencionais com dificuldade para chegar à estação (Mariana Fabricio/DP )
Paulo sobe escadas convencionais com dificuldade para chegar à estação
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)  precisará gastar R$ 900 mil para consertar escadas rolantes e elevadores quebrados em sua rede de estações. Dos 19 elevadores instalados, cinco estão funcionando. Das 25 escadas rolantes, seis estão ativas. O valor a ser utilizado é R$ 100 mil maior que o aplicado em em 2015 com esse tipo de reparo. O vandalismo é a principal causa da interrupção na operação dos equipamentos.

O vai-vém diário das estações expõe a dificuldade encontrada por idosos e pessoas com deficiência em se locomover no sistema. Paulo Irã, 39 anos, precisou se adaptar ao ritmo ligeiro da Estação  Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes, por onde passa todos os dias. Com duas bengalas, ele sobe e desce as escadas comuns porque já desistiu de tentar usar os elevadores e as escadas rolantes inoperantes.

“O elevador da estação já parou quando eu estava dentro. Na maioria das vezes, é danificado por vandalismo e superlotação. A capacidade é de até seis pessoas, mas já vi muita gente desrespeitar esse limite e o equipamento quebra por causa disso. Também existe uma ordem de preferência para deficientes e idosos, mas falta fiscalização para que as pessoas façam o uso correto”, reclama Paulo Irã, que é aposentado.

O vandalismo custou R$ 2 milhões ao sistema em 2015, segundo a CBTU. Além dos R$ 800 mil usados para reparar elevadores e escadas rolantes, foram gastos R$ 1,2 milhão para repor portas, janelas e para-brisas de trens quebrados. A companhia informou, através de nota, que os prazos para a realização dos reparos dependem do tamanho da avaria. Os equipamentos que precisem de menor reparo serão postos em operação primeiro. Os que demandarem substituição de peças, porém, demorarão um pouco mais, de acordo com o órgão, uma vez que será necessária a compra das peças que não são fabricadas no Brasil.

O contrato de manutenção dos elevadores e escadas rolantes não inclui a cláusula de quebra por vandalismo. Para coibir atos de depredação, a CBTU Recife está instalando botoeiras nos elevadores. Deste modo o equipamento só é utilizado com a presença de um funcionário do metrô. A companhia acrescentou que a contratação de um ascensorista não está em consideração no momento. A CBTU também pede que os usuários com mobilidade reduzida procurem a segurança contratada para prestar ajuda.

Elevador quebrado prejudica usuários em Cajueiro Seco (Mariana Fabricio/DP )
Elevador quebrado prejudica usuários em Cajueiro Seco
“Deveria haver ao menos um ascensorista no elevador para orientar quem precisa usar ou até para ajudar na conservação. Muita gente vem destruir o que a gente tem necessidade de usar”

Maria José, passageira

“O elevador já parou quando eu estava dentro. Na maioria das vezes, é danificado por vandalismo”
Paulo Irã, passageiro

Sinalização

Desde 2000, uma lei federal estabelece que as pessoas com deficiência tenham condição de frequentar locais de uso coletivo com autonomia. Mas além das barreiras físicas, há também entraves na comunicação, que não se adequa para os cegos e surdos, por exemplo.

O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de Pernambuco (Coned), Antônio Muniz, lembra que os próprios funcionários do metrô não possuem treinamento para prestar o auxílio devido. “De modo geral temos componentes de acessibilidade, mas as estações são bastante amplas e convivemos com um desrespeito flagrante. Faltam sinalização em Braille e intérpretes que auxiliem em Libras. São especificidades que facilitariam nosso acesso”, comenta Muniz.

Os painéis instalados dentro do metrô, que exibem a localização de cada estação, contam com informações apenas visuais e o sistema de som que avisa a chegada em cada ponto tem falhas que atrapalham quem depende do serviço, na opinião de Muniz, que é deficiente visual. “Várias vezes já desci na estação errada porque ouvi um aviso equivocado. Então, como podia realmente saber se aquele era o ponto certo para saltar se a maquete não tem nem ao menos o nome das paradas em Braille?”, reclama o presidente do Coned.

A CBTU informou que todas as estações do metrô possuem comunicação visual com relação ao destino, seguindo normas internacionais. O metrô também tem contador regressivo nas plataformas, que identifica o destino do trem e a quantidade de tempo para chegada.

Estrutura
  • 14 Estações
  • 19 Elevadores
  • 25 escadas rolantes
  • Estação Recife
    2 elevadores e 4 escadas rolantes
  • Joana Bezerra
    2 elevadores e 3 escadas rolantes.
  • Camaragibe
    2 elevadores e 3 escadas rolantes
  • Largo da Paz
    1 elevador e 1 escada rolante
  • Imbiribeira
    1 elevador e 1 escada rolante
  • Tancredo Neves
    1 elevador e 2 escadas rolantes
  • Porta Larga
    1 elevador e 1 escada rolante
  • Monte dos Guararapes
    1 elevador e 1 escada rolante
  • Estação Antônio Falcão
    1 elevador e 1 escada rolante
  • Estação Shopping
    1 elevador e 1 escada rolante
  • Estação Aeroporto
    1 elevador e 1 escada rolante
  • Estação Prazeres
    1 elevador e 1 escada rolante
  • Cajueiro Seco
    2 elevadores e 3 escadas rolantes
  • Estação Cosme e Damião
    2 elevadores e 2 escadas rolantes

Em funcionamento:

  • Joana Bezerra
    2 elevadores 
  • Estação Camaragibe
    2 escadas rolantes 
  • Estação Cajueiro Seco
    2 escadas rolantes 
  • Estação Shopping
    1 escada rolante
  • Estação Recife
    1 elevador
  • Estação Imbiribeira
    1 elevador e 1 escada rolante
  • Estação Largo da Paz
    1 elevador
Raio x do sistema:
  • 25 trens
  • 29 estações
  • 71 quilômetros de extensão
  • 9,7 milhões de passageiros por mês (linhas Centro, Sul e diesel)
  • 4,8 milhões de passageiros por mês oriundos do SEI
  • 368 mil passageiros por dia
  • 162 mil passageiros oriundos do SEI por dia
  • 1 mil viagens deixam de ser realizadas por mês por quebra