Um exército com a infância roubada Segundo estudioso, conseguimos vencer a mortalidade infantil no país, mas aumentamos o número de adolescentes da periferia que são assassinados

Marcionila Teixeira
marcionila.teixeira@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 26/06/2017 03:00

Antes de condenar é preciso compreender o complexo cenário das crianças e adolescentes recrutados para a prática de infrações. Pensar e buscar soluções. Autor de sete livros com a temática dos direitos da criança e do adolescente, o professor Humberto Miranda faz o alerta. “Só a justiça social, o combate à pobreza, o investimento em educação, esporte e lazer, além do respeito aos direitos fundamentais, na sua integralidade, podem impedir que esses meninos e meninas adentrem no mundo do crime.”

Matéria publicada na Superedição  desse fim de semana e disponível  no endereço bit.ly/ExercitoJuvenil, mostrou a face invisível de jovens em conflito com a lei, a luta de suas famílias para resgatá-los da violência, além de testemunhos de superação e de solidariedade.

Para Humberto Miranda, que também é professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e coordenador do Laboratório de História das Infâncias do Nordeste/Escola de Conselhos, falar em redução da maioridade penal ou do aumento de internação é reproduzir um erro histórico. “As experiências já nos ensinaram que esse não é o caminho.”

O especialista lembra que as crianças e adolescentes sempre serviram como objeto de interesse dos adultos, inclusive nos conflitos bélicos, e que hoje mudou apenas o perfil do explorador, agora representado principalmente pelos traficantes.

Na entrevista, Humberto Miranda fala, ainda, da abordagem policial preconceituosa junto aos jovens das favelas, extermínio da juventude negra, participação das meninas e de jovens da classe média na prática de infrações e critica a atuação da Justiça. “A Justiça não é justa. As seis medidas socioeducativas não são levadas a cabo para os mais abastados.”