JABOATãO » Catadores aprendem a recondicionar eletrônicos

Thamires Oliveira
Especial para o Diario
thamires.oliveira@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 19/08/2017 03:00

Sustentar três filhos sozinha com a renda de R$ 700 era o desafio de Rita de Cássia da Silva, 31 anos. Nas últimas três semanas, a catadora de lixo se reinventou na profissão e aumentou sua renda através do curso Catador Digital, oferecido pela Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes em parceria com a Seja Digital. O projeto, que une o processo de digitalização com inclusão social, consciência ambiental e geração de renda, capacitou 75 catadores para recondicionar eletrônicos e também reutilizá-los através da arte. Mais de 50 eletrônicos foram concertados, além da produção de diversas peças de artesanato.

“Chegam muitas televisões, computadores e aparelhos de som. E as pessoas descartam de qualquer jeito. Antes, a gente até abria e tentava vender as peças, mas agora, com o curso, a gente vai saber aproveitar esse material para não ser jogado avulso na natureza. Vamos evitar que as pessoas sejam contaminadas com os metais que existem dentro deles. E com isso tudo a gente conseguiu subir a renda para cerca de R$ 1,2 mil. Sou muito grata pela oportunidade”, afirmou Rita.

Além de aprender a recondicionar os eletrônicos, Rita se encantou com a possibilidade de transformá-los em novos objetos através da reciclagem. “Gostei muito de fazer artesanato. São muitas coisas que se pode fazer, uma variedade imensa. A gente tem um grupo de catadores que está querendo montar um ateliê para vender essas peças.”

Com o processo de digitalização, muitas pessoas trocaram de aparelho televisivo, gerando ainda mais lixo eletrônico. Durante as três semanas de curso, os catadores aprenderam os cuidados necessários para manusearem eletroeletrônicos, a detectarem as peças com defeito e concertá-las, além de transformarem em artesanato as peças que não teriam mais serventia e a realizarem o descarte correto do material.

Dentre as peças produzidas estão espelhos, luminárias, porta livros e carrinhos de flores. “Esse projeto de digitalização é um processo importante, que culmina também com a preocupação ambiental, somada à econômica e social. A capacitação desses catadores é um legado que vai ser deixado depois de todo esse processo do sinal digital”, destacou a gerente nacional do Seja Digital, Neilza Buarque. Dos 75 catadores capacitados, 25 cinco serão multiplicadores, ensinando a outros a garantir encremento na renda.