CIDADANIA » Quilombolas e defensores

Publicação: 22/11/2017 03:00

Yara Silva, 15 anos, e Fabilson Oliveira, 14 anos, se tornaram, de forma simbólica, defensores públicos gerais de Pernambuco durante um dia. Os dois adolescentes da comunidade quilombola Conceição das Crioulas, em Salgueiro, no Sertão, foram recebidos ontem na sede da Defensoria, na Boa Vista, para conhecer o funcionamento do órgão. O direito à terra e a preservação da cultura como forma de resistência foram os pontos mais citados pelos estudantes como bandeiras a serem defendidas.
A ação, uma parceria entre a Defensoria Geral de Pernambuco e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Recife, marcou as comemorações do Dia Nacional da Criança, lembrado em 21 de novembro, e da Semana da Consciência Negra.
A escolha por adolescentes oriundos de uma comunidade quilombola foi uma maneira de chamar a atenção para os espaços onde as políticas públicas não chegam. “Nosso território está sendo ameaçado. Mas é a terra que vai garantir nossa existência”, disse Yara. Ela foi uma das escolhidas para representar os jovens de Conceição das Crioulas por exercer protagonismo como jogadora de futsal em sua comunidade.
Para Fabilson, o mérito foi na área de música, através do pífano. “Antes do meu avô morrer, ele disse que queria ver um filho ou neto tocando pífano. Quem sabe um dia não me torne professor?”, disse.
O defensor público geral de Pernambuco, Manoel Jerônimo, destacou que ações como essa são fundamentais. “O órgão tem o papel de defender esses direitos para reduzir as distorções sociais”, ressaltou. “O que mais pesa para essas crianças é a violência  e a baixa qualidade de vida”, disse a coordenadora do Unicef, Jane Santos.